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quinta-feira, 2 janeiro, 2025
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Cenário para 2025: mais inflação e menos crescimento

Por Alexandre Gomes

Em 2024, a inflação medida pelo IPCA deverá fechar em 4,9%, e para 2025, a projeção do Focus é de 4,8%, ambos muito acima da meta de inflação contínua de 3% até o segundo trimestre de 2026.

Atualmente, espera-se que a Selic aumente rapidamente, permanecendo elevada em torno de 15% em 2025, o que impactará o crescimento econômico, estimado em cerca de 2% para 2025 e 2026.

Embora seja difícil prever com precisão os índices de inflação e crescimento nos próximos anos, é certo que uma taxa de câmbio superior a R$6 terá impactos significativos na trajetória dos preços nos próximos meses.

Um ponto central no debate econômico atual é a comparação com a crise brasileira de 2015.

Entre 2014 e 2015, o Brasil apresentou um desempenho de balança comercial próximo de zero. Atualmente, a balança comercial do país é mais robusta, girando em torno de US$ 80 bilhões em 12 meses.

Um fator importante nesse contexto é o crescimento da exportação de petróleo, que passou a ser o principal produto exportado pelo Brasil, superando soja e minério de ferro.

Por outro lado, o déficit externo em serviços também é expressivo, o que leva a um déficit em conta corrente de quase 3% do PIB em 2024.

O investimento direto estrangeiro segue forte, próximo de US$ 70 bilhões em 12 meses, mas há uma saída de capitais significativa pela conta financeira. Além disso, o crédito no país continua se expandindo, com uma alta de 10% em 2024, o que é bem diferente da forte contração observada durante a crise de 2015.

A maior diferença entre o momento atual e a crise de 2015 está no crescimento econômico. Hoje, o Brasil cresce a uma taxa de 3,5%, enquanto em 2014 o crescimento estava praticamente estagnado. Esse dinamismo é refletido no aumento das importações (17% ao ano) e nos investimentos (10% ao ano).

Em 2015, tanto o crescimento quanto os investimentos estavam estagnados. A taxa de desemprego nos dois períodos é semelhante, em torno de 6%.

Por outro lado, em 2014 a inflação estava em 6,5%, acelerando para 10% em 2015, acompanhada por uma forte desvalorização cambial. Durante esse período, o câmbio passou de R$ 2,40 para R$ 4,00. Hoje, embora a desvalorização cambial seja significativa, ela é menos intensa, o que contribui para uma pressão menor sobre o IPCA.

Em 2015, essa grande desvalorização do real foi um dos fatores que levou a inflação a atingir 10% no ano.

A relação entre o Executivo e o Congresso atualmente é mais estável do que em 2014, que foi marcado por um ambiente político instável e pela aprovação de medidas impopulares que dificultaram a governabilidade. O impulso fiscal deve continuar em 2025, com ajustes esperados nos próximos meses, mas sem a magnitude do ajuste fiscal drástico implementado pelo programa Levy, que resultou em contração de investimentos e cortes de gastos públicos em 2015.

Naquele período, a dívida bruta era de 60% do PIB; atualmente, já se aproxima de 80%, e a conta de juros dos próximos 12 meses deve ultrapassar R$ 1 trilhão, um valor muito maior que o déficit primário de R$ 50 bilhões dos últimos 12 meses. Essa dinâmica de aumento da dívida e de déficits elevados é a principal causa do estresse financeiro atual. Não será fácil lidar com os gastos com juros nos próximos meses.

Embora não seja esperada uma crise de grandes proporções, 2025 será um ano desafiador, com inflação pressionada, Selic elevada e desaceleração do crédito. Porém, é importante lembrar que as previsões econômicas estão sempre sujeitas a erros, como ficou evidente com a discrepância entre as expectativas iniciais e os resultados finais de 2024. O que de fato ocorrerá em 2025 ainda é incerto.

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