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segunda-feira, 1 julho, 2024
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Campos Neto revela: Pronunciamentos de Lula destroem economia brasileira

Por Marina B.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou nesta quinta-feira, 27, as críticas feitas a ele e à instituição pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Para Campos Neto, é uma “constatação”, e não uma opinião, que os principais ativos financeiros são afetados pelos pronunciamentos de Lula. Isso resulta em uma piora das expectativas, dificultando o trabalho do Comitê de Política Monetária (Copom).

“O que se mostrou no passado recente – e não é opinião minha, é constatação – é que, se olharmos os movimentos de mercado em tempo real com os pronunciamentos, houve uma piora em algumas variáveis macroeconômicas e em alguns preços de mercado. Portanto, quando se aumenta o prêmio de risco, isso torna nosso trabalho mais difícil ao longo do tempo”, afirmou.

Para Campos Neto, isso diminui a eficácia da política monetária – o que, em outras palavras, obriga o Banco Central a manter a taxa Selic em um patamar mais alto.

“O nosso modelo trabalha fortemente pelo canal das expectativas, e quando há prêmio de risco, ele influencia esse canal, afetando a potência da política monetária, que é crucial para o nosso dia a dia”, explicou. Campos Neto disse, porém, que Lula tem o direito de se manifestar.

Os comentários foram feitos após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, na manhã desta quarta-feira. O documento foi divulgado uma semana depois da reunião que interrompeu em 10,5% ao ano o ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic.

Causas Internas

Para o Banco Central, duas das três causas para a piora das expectativas de inflação no país são internas. Externamente, houve adiamentos dos cortes de juros pelo Banco Central americano. Internamente, houve uma piora na percepção do quadro fiscal, além de aumento das incertezas quanto ao compromisso do próprio BC de perseguir o centro da meta.

“O Copom elenca como principais fatores dessa desancoragem recente: (i) a piora do cenário externo; (ii) os recentes anúncios de política fiscal; e (iii) a percepção dos agentes econômicos sobre o compromisso da autoridade monetária com o atingimento da meta ao longo dos anos”, afirmou o documento.

O principal ruído recente, embora não explicitado pelo Banco, foi a divisão na reunião do Copom de maio, quando quatro diretores indicados por Lula votaram por um corte maior na taxa Selic, de 0,5 ponto percentual.

A divulgação do RI também destacou a importância do controle das expectativas para o BC. Campos Neto apontou que, tanto em relação à inflação quanto à política fiscal, os dados correntes estão em linha com o esperado, mas há uma piora nas projeções futuras. Assim, ele entende que o mercado enxerga uma “dupla desancoragem”, afetando a curva de juros.

“Acho que estamos passando por um momento em que há uma característica muito parecida no fiscal e no monetário: temos uma inflação corrente mais ou menos em linha com a desaceleração esperada, mas há uma desancoragem nas expectativas de inflação. No fiscal, os números não estão muito diferentes do esperado no curto prazo, mas há uma grande percepção de piora. Essa dupla percepção de desancoragem fez com que o prêmio de risco subisse ao longo da curva”, disse.

PIB e Inflação Mais Altos

No Relatório, o Banco Central aumentou a projeção de crescimento do PIB de 1,9% para 2,3% este ano, mas também elevou suas estimativas para o IPCA em relação ao relatório anterior. Para 2024, a previsão subiu de 3,5% para 4%, e para 2025, de 3,2% para 3,4%, no cenário de referência. Para 2026, a previsão foi mantida em 3,2%, ainda acima da meta de 3%.

Nos próximos meses, o BC espera uma aceleração na inflação acumulada em 12 meses, que atingirá o pico de 4,35% nos meses de junho e julho, muito próxima do teto da meta de 4,5%. Uma das explicações para essa alta são os efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul, que impactaram os preços dos alimentos e atenuaram uma sazonalidade que normalmente é positiva para a inflação no meio do ano.

Desde o último Relatório de Inflação, os juros futuros aumentaram em toda a curva negociada pelo mercado, mesmo com a queda nominal da taxa Selic. Segundo o BC, as condições financeiras pioraram nesse período.

Lula: “Quem Apostar Contra o Real Vai Quebrar a Cara”

No Palácio do Planalto, durante reunião do chamado “Conselhão”, que reúne empresários e ministros do governo para debater medidas econômicas, o presidente Lula disse que o dólar na quarta-feira subiu “15 minutos antes” de sua entrevista, pela manhã, motivado por fatores externos. Visivelmente irritado, o presidente chamou de “cretinos” os que disseram que a moeda americana havia se valorizado por sua causa.

“Veja o que aconteceu ontem, quando terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era de que o dólar subiu por causa da entrevista do Lula. Os cretinos não perceberam que tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista. Ou seja, esse mundo perverso das pessoas colocarem para fora o que querem, sem medir responsabilidade, é muito ruim”, afirmou.

O presidente ainda relembrou as apostas feitas por empresas com derivativos, na crise de 2008, que levaram à quebra de companhias como a Sadia e a Aracruz Celulose.

“Quem quiser apostar em derivativos vai perder dinheiro neste país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real. Eu vi isso em 2008, quem não lembra o que aconteceu com várias empresas? Elas quebraram a cara e vão quebrar outra vez”, disse Lula.

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