Em 2024, os brasileiros trabalharam até o dia 28 de maio apenas para pagar tributos, incluindo impostos, taxas e contribuições exigidas pelos governos federal, estadual e municipal. Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), foram necessários 149 dos 366 dias deste ano para cumprir essas obrigações.
De acordo com o levantamento, a tributação sobre renda, patrimônio e consumo corresponde a 40,71% do rendimento médio dos brasileiros neste ano.
O IBPT também destacou que, em relação ao ano passado, houve um aumento de dois dias de trabalho necessários para pagar os impostos. Em 2023, a carga tributária foi ligeiramente menor, correspondendo a 40,27% do rendimento médio.
Historicamente, a situação já foi mais crítica. Entre 2017 e 2019, os brasileiros trabalharam, em média, 153 dias por ano para sustentar o Estado. Desde 2021, esse número tem se mantido em 149 dias, exceto em 2023, quando foi de 147 dias.
Ao longo das décadas, a pressão tributária no orçamento dos brasileiros tem aumentado gradativamente. Na década de 1970, a média de dias de trabalho necessários para pagar tributos era de 76. Em 1986, esse número já havia subido para 82 dias.
“Podemos concluir que hoje se trabalha mais do dobro do que nos anos 70 para pagar esses tributos,” afirmou João Eloi Olenike, autor do estudo e presidente-executivo do IBPT.
Em 2003, os tributos representavam 36,98% da renda dos brasileiros. Desde 2021, essa carga está em torno de 40%.
Para Olenike, a carga tributária no Brasil é excessiva. Os brasileiros pagam impostos de primeiro mundo, mas não recebem serviços públicos à altura.
O estudo também comparou a média de dias de trabalho necessários para pagar impostos em outros países, utilizando dados de 2022 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em países como Noruega, Áustria, Finlândia e Bélgica, os cidadãos trabalham de 155 a 162 dias para pagar tributos, um número próximo ao do Brasil.
No entanto, os brasileiros precisam trabalhar mais dias para pagar tributos do que cidadãos de países como Alemanha (143 dias), Eslovênia (138), Espanha (137), Reino Unido (129), Japão (124) e Suíça (100).
Apesar de estar entre os 30 países com a maior carga tributária do mundo, o Brasil oferece um dos piores retornos à sua população. Os valores arrecadados não se refletem na melhoria dos serviços públicos e no aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
“É alarmante que os recentes aumentos do ICMS em diversos estados não visem a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, mas sim compensar perdas e preservar a arrecadação. Essa situação configura um ciclo vicioso, onde a população paga impostos altos sem receber os serviços públicos adequados em troca, enquanto o governo busca desesperadamente manter sua arrecadação,” avaliou Olenike.
