Especialistas projetam aumento gradual no custo de itens básicos nos próximos meses
Depois de quatro meses consecutivos de queda, os preços dos alimentos devem voltar a subir entre outubro e dezembro, aumentando a pressão sobre a inflação. Essas revisões são resultado de altas registradas no atacado e da maior circulação de dinheiro na economia no fim do ano, impulsionada pelo pagamento do 13º salário.
De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, o mercado projeta que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano com avanço de 4,72%. O porcentual está acima do teto da meta, de 4,5%, e muito acima da meta, de 3%.
Pressão no carrinho de compras
No IPCA de setembro, a alimentação no domicílio registrou queda de 0,41%, acumulando quatro meses consecutivos de recuo. Boas safras agrícolas, maior oferta interna de aves (consequência da gripe aviária que reduziu exportações) e câmbio favorável impulsionaram a deflação.
Contudo, uma combinação de aumento da demanda no último trimestre com ajustes de preços no atacado resultará no aumento dos preços no varejo. Entre os produtos que mais podem subir estão as proteínas (como carne bovina e aves), o café e produtos in natura, como legumes e frutas.
O mais recente Índice de Preços no Atacado (IPA-DI) dos produtos agropecuários também adianta o cenário de pressão. Ele subiu 1,53% em agosto e 1,89% em setembro, revertendo meses de queda. Com o intervalo natural no repasse dos preços dos produtores ao consumidor, essas altas devem começar a se refletir nos supermercados já em outubro.
Projeções de economistas apontam inflação
A economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos, Marcela Kawauti, projeta alta de 0,60% para a alimentação em casa em outubro, seguida de 0,85% em novembro e 1% em dezembro. Em termos acumulados, a estimativa fornecida ao jornal O Estado de S. Paulo, representa cerca de 2,45% de aumento no último trimestre.
Fabio Romão, economista sênior da 4Intelligence, disse ao Estadão que a elevação da inflação dos alimentos deve ser moderada, porque a oferta agrícola continua robusta, e o câmbio, até agora, ajuda a conter a alta. “A tendência é de elevação pontual, sem risco de descontrole”, afirmou.