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sábado, 28 dezembro, 2024
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Ajuste fiscal crível é principal ferramenta para reverter alta do dólar, diz Inter

Por Alexandre Gomes

Cotação se mantém acima de R$ 6 há quase um mês por temor dos investidores com responsabilidade do governo com contas públicas

A apresentação de um ajuste fiscal crível ao mercado é a principal ferramenta para reverter a recente escalada do dólar, que se mantém acima de R$ 6 há quase um mês, segundo relatório do Inter publicado na quinta-feira (26).

De acordo com a instituição financeira, os preços do mercado atualmente refletem a probabilidade de menor crescimento econômico e maior inflação, resultados da combinação da alta dos gastos públicos com aceleração da dívida do país.

“O grande choque positivo que pode reverter a depreciação cambial deve vir da credibilidade no ajuste fiscal”, pontuou o documento, assinado pela economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória.

O real desvalorizou cerca de 27% ante o real em 2024, sendo que 7% foram registrados apenas em dezembro, pelos cálculos do Inter.

A pressão sobre o câmbio se intensificou on fim de novembro, após a apresentação conjunta pelo governo federal do pacote de corte de gastos com a isenção do Imposto de Renda (IR) para salários até R$ 5 mil.

Deste então, o câmbio escalou para patamares não vistos desde a criação do Plano Real, em 1994, chegando ao ápice na semana passada, com cotação a R$ 6,26, em meio aos trâmites para a aprovação de projetos que integram o pacote fiscal pelo Congresso.

Em meio a depreciação do real, o Banco Central (BC) promoveu uma série de intervenções para trazer liquidez ao mercado.

Segundo o Inter, foram US$ 30 bilhões em leilões, sendo US$ 19 bilhões à vista e US$ 11 bilhões em linha — quando há o compromisso de recompra.

Apesar da atuação do BC, o Inter defende que a contenção da alta do dólar deve partir de iniciativas que tragam mais confiança ao mercado sobre o compromisso do governo federal em conter gastos.

“A principal intervenção no câmbio será dada por um ajuste fiscal crível”, disse o banco.

Pacote fiscal

O pacote de ajuste fiscal foi apresentado pela equipe econômica no fim de novembro, após sucessivos adiamentos.

A medida, porém, precisava passar pela chancela do Congresso. Na semana passada, três textos que compõem a medida foram aprovadas por deputados e senadores, mas com modificações que tiraram parte do potencial de contenção de gatos.

O Ministério da Fazenda estima que a desidratação do pacote de corte de gastos terá um impacto de R$ 2,1 bilhões no pacote de corte de gastos até 2026. A previsão inicial era de que as medidas fiscais teriam capacidade de economizar R$ 71,9 bilhões em dois anos.

De acordo com a nova estimativa divulgada pela equipe econômica, o pacote fiscal terá capacidade de economizar R$ 69,8 bilhões até 2026.

Segundo o Inter, o pacote anunciado foi “tímido” e não trouxe de volta a confiança do mercado.

“Para tanto, o governo precisa mostrar maior controle do crescimento dos gastos na execução fiscal mais disciplinada e compatível com as próprias regras”, disse.

Reservas e diferencial de juros

O Inter destacou ainda que o Brasil possui um reserva de câmbio de US$ 363 bilhões, enquanto a dívida externa do setor público é de US$ 136 bilhões.

“Ou seja, do ponto de vista de solvência, a posição cambial é confortável em relação aos demais países emergentes, e considerada pelas agências de ratings como um dos pontos positivos na avaliação do risco soberano”, destacou a entidade.

O relatório também chama a atenção ao diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos. Enquanto por aqui a Selic está subindo, com potencial de chegar em 15%, nos EUA a situação é oposta, com previsão de cortes nas taxas.

O objetivo é buscar lucro com essa diferença nas taxas de juros praticadas entre os países. O investidor busca transformar o dinheiro “mais barato” — obtido com juros menores — na moeda do país com juros mais altos para aplicar em um ativo local.

Apesar deste cenário, o Inter destaca a saída de investidores do país, sobretudo em dezembro. O Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 18,427 bilhões em dezembro até o dia 20, em movimento puxado pela via financeira, informou nesta quinta-feira o BC.

“Nem venda de dólares e nem o choque de juros foram suficientes para impedir a debandada de investidores”, destacou o Inter.

“Podemos concluir que, mesmo uma robusta reserva cambial não é garantia de câmbio estável. Em um eventual cenário de contínua deterioração das perspectivas para o investimento no Brasil, as saídas vão continuar e a depreciação do real seguirá com o fluxo negativo”.

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