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terça-feira, 8 abril, 2025
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Ações chinesas desabam com vendas em pânico em meio à escalada da guerra tarifária

Por Alexandre Gomes

A aversão ao risco afetou todos os setores e mercados, e todas as 50 ações do índice Hang Seng China Enterprises recuaram

As ações chinesas registraram fortes quedas e os rendimentos dos títulos soberanos se aproximaram de mínimas históricas nesta segunda-feira (7), em meio ao agravamento da guerra comercial entre China e Estados Unidos.

O índice de ações chinesas listadas em Hong Kong, amplamente acompanhado por investidores, recuou 13,8%, entrando em mercado de baixa. O Hang Seng teve seu pior desempenho diário desde 1997, apagando todos os ganhos acumulados no ano. No mercado local, o CSI 300 caiu 7,1%.

A retaliação da China às tarifas amplas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, reforçou o temor de que o conflito comercial tenha entrado em uma nova fase. Para tentar conter os impactos, autoridades chinesas discutem antecipar estímulos, e um fundo estatal anunciou aumento de investimentos em ETFs para estabilizar o mercado. Até agora, porém, investidores se concentram no risco de uma deterioração econômica.

“Estamos vendo uma liquidação impressionante, pelos motivos errados”, disse Sat Duhra, gestor de portfólio da Janus Henderson Investors. “Há um elemento de venda em pânico, sem dúvida; há chamadas de margem que precisam ser observadas; fundos vendendo para gerar liquidez, e a retaliação chinesa elevou o risco, com a possibilidade de desvalorização cambial entrando no radar dos investidores.”

O volume negociado em Hong Kong atingiu um recorde de HK$ 621 bilhões (US$ 80 bilhões) na segunda-feira.

A aversão ao risco afetou todos os setores e mercados. Todas as 50 ações do índice Hang Seng China Enterprises recuaram. Um indicador de ações de tecnologia chinesas listadas em Hong Kong caiu mais de 17%. Em toda a Ásia, papéis de emissores chineses lideraram as perdas, com spreads de títulos de grau de investimento ampliando até 40 pontos-base, segundo operadores.

“O sistema de comércio global construído nos últimos 90 anos está ruindo, dificultando a previsão dos impactos econômicos e a identificação de um piso para o mercado”, afirmou Vincent Chan, estrategista da Aletheia Capital. “Se você quer tirar liquidez do sistema, Hong Kong é o primeiro alvo — e há muitos lucros a realizar após a alta deste ano.”

Os títulos do governo chinês dispararam, impulsionados pela busca por ativos seguros. O rendimento da T-note de 10 anos caiu oito pontos-base, aproximando-se da mínima histórica, com forte demanda em todos os vencimentos.

No câmbio, o Banco Popular da China fixou a taxa de referência do yuan no menor nível desde dezembro. O movimento reforçou especulações de que Pequim poderá usar a moeda como instrumento de estímulo, alimentando apostas de desvalorização.

Analistas do Wells Fargo alertam para o risco de uma desvalorização deliberada de até 15% em dois meses. Já o Jefferies Financial Group cogita uma queda de até 30%.

O yuan offshore recuou cerca de 0,2% frente ao dólar, mesmo com o PBoC fixando a taxa oficial acima do esperado.

Apelos por resiliência

Enquanto a pressão vendedora se espalhava, um jornal estatal conclamou os chineses a “transformar pressão em motivação”. Investidores, no entanto, esperam por ações mais concretas de Pequim. As atenções se voltam novamente para a possibilidade de novos estímulos.

A expectativa de medidas de apoio pode favorecer uma recuperação. Investidores pessoa física podem voltar ao mercado ainda nesta semana, aproveitando a queda como oportunidade, disse Kenny Wen, estrategista da KGI Asia.

Já há sinais de entrada. A compra via “southbound” de ações chinesas listadas em Hong Kong somou cerca de HK$ 15 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Estamos vendo alguma caça às pechinchas”, disse Andy Maynard, chefe de ações da China Renaissance. “Ainda assim, muitos estão confusos quanto aos próximos passos. A maioria está encerrando posições e será cautelosa para voltar.”

O mercado reagiu ao primeiro dia útil após o anúncio das tarifas dos EUA, feito durante o feriado na China.

A resposta rápida de Pequim surpreendeu parte dos investidores e elevou os receios de novas altas tarifárias por Washington, com possível escalada de retaliações — um cenário que ameaça a economia global.

Enquanto outros países asiáticos manifestaram esperança em chegar a um acordo com os EUA, seus mercados acionários também sofreram na segunda-feira, em meio à aversão global ao risco.

“Muitas vozes tensas e agudas no pregão esta manhã. Honestamente, não me lembro de uma queda de 8% no normalmente estável STI, nem de 2.000 pontos no HSI, há muito tempo”, afirmou Kok Hoong Wong, chefe de vendas institucionais da Maybank Securities, referindo-se aos índices de Cingapura e Hong Kong. “Esse nível de pânico só se compara às quedas do auge da Covid.”

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