O Conselho de Beneméritos do Vasco recebeu, na última segunda-feira pela manhã, o vice-presidente jurídico do clube, Felipe Carregal Sztajnbok. O convite, que também foi feito ao presidente Pedrinho, era para conhecer as perspectivas e o futuro do clube diante da briga judicial com a 777 Partners. Ex-presidente do Conselho Deliberativo na última gestão Eurico Miranda e pré-candidato à presidência em 2020 – terminou apoiando o advogado Leven Siano -, Luis Manuel Rebelo Fernandes foi eleito em janeiro para mandato de três anos no Conselho de Beneméritos. Em 21 de setembro de 2022, dos 15 membros do comitê formado para ler e analisar o contrato que seria assinado com a 777, apenas ele e mais um benemérito não assinaram parecer favorável ao acordo. Uma leitura de contrato – com previsão de duração de 25 anos, renováveis por mais 25 anos com a 777 Partners – que ele considera ter acontecido em condições “precárias” e com “tempo muito exíguo”. Tudo foi feito em uma sala na qual a papelada ficava trancada e não se podia tirar cópia ou entrar com celular.
Em entrevista, Luis Manuel, que é professor da UFRJ e secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal, analisou o quadro atual do clube em meio ao imbróglio e lembrou dos riscos que considera terem sido subestimados no acordo com a 777.
Como foi a reunião do Conselho de Beneméritos com a diretoria do Vasco?
Luis Manuel Rebelo Fernandes: — Pedimos a reunião em função do quadro criado com a ação judicial para entender as perspectivas do clube e conhecer os riscos de todo o caso. Avalio que foi uma reunião bem positiva. Com a ação, a 777 não tem mais a obrigação de realizar o aporte. Ao mesmo tempo ainda não há previsão da solução na arbitragem de mediação (realizada na FGV). São 30 dias (desde a liminar concedida ao Vasco) para a instauração da arbitragem, mas esse processo pode se arrastar. O alerta que foi dado ao Felipe (VP jurídico) é: seja o fim que levar essa arbitragem, tem que haver a repactuação desse contrato da SAF.
O senhor foi um dos dois que não assinou o parecer favorável da comissão ao contrato da 777. Por que?
— Ali a gente já dizia que não havia garantias, não havia mecanismo de recuperação de controle acionário do Vasco em caso de falência da empresa investidora (777). Também já apontávamos esse risco do grupo ser adquirido ou subordinado a outro, direta ou indiretamente, o que também terminou acontecendo. Outra coisa foi que cobrávamos uma “due diligence” nesse processo de avaliação do acordo, o que já estava previsto no estatuto da SAF. O que foi feito pela Kroll e pela KPMG foi o “background check integrity”, que fica mais em cima das relações financeiras individuais dos personagens, mas não do grupo como um todo. O Felipe nos disse na reunião que se nosso parecer tivesse sido atendido a situação não estava como ela está hoje.