Antes do sorteio dos grupos da Libertadores, Rodolfo Landim e Marcos Braz esperavam evitar confrontos com equipes de cidades localizadas em altitudes elevadas para o Flamengo. No entanto, acabaram “premiados” com dois desafios desse tipo. O primeiro será contra o Bolívar, em La Paz, onde os rubro-negros enfrentarão 3.600 metros de altitude. Já Bogotá, cidade do Millonarios, fica levemente acima de 2.600 metros. Essa diferença de 1.000 metros entre as capitais da Bolívia e da Colômbia é significativa e tem um impacto crucial na preparação para os jogos. Para entender melhor esse cenário, o ge conversou com Fábio Mahseredjian, chefe da preparação física do Flamengo.
A última vez que Mahseredjian enfrentou uma partida em alta altitude foi em La Paz, onde o Brasil obteve uma vitória histórica contra a Bolívia por 4 a 0, em 29 de março de 2022, durante as eliminatórias da Copa do Mundo do Catar. Ele explicou que a estratégia tradicional de chegar à cidade no dia do jogo foi bem-sucedida nessa ocasião.
A logística para os jogos no Estádio Hernando Siles, casa do Bolívar, é planejada de forma específica. A delegação chega a Santa Cruz de la Sierra, ao nível do mar, no dia anterior ao jogo e passa a noite lá. A viagem para La Paz acontece cerca de três horas antes do jogo, e a equipe permanece lá por no máximo seis horas. Por quê? Mahseredjian esclarece que as altas altitudes afetam o sistema de transporte de oxigênio do corpo, o que resulta em sintomas como falta de ar e tonturas.
A chegada ao local horas antes do jogo, embora vá contra a opção de chegar 15 dias antes para adaptação, é motivada pelo tempo de manifestação dos sintomas causados pela exposição à altitude.
Mahseredjian relembra uma experiência tensa com o Corinthians em 2013, quando a equipe não pôde retornar imediatamente após o jogo devido à falta de iluminação no aeroporto de Oruro, onde a altitude chega a quase 4.000 metros. Ele descreve as dificuldades enfrentadas pelos jogadores devido aos sintomas da altitude.
Em relação a Bogotá, que fica a 1.000 metros abaixo de La Paz, Mahseredjian menciona que é mais tranquilo para os atletas. Normalmente, os clubes planejam pelo menos uma sessão de treinamento na capital colombiana para se adaptar à velocidade da bola.
Apesar das dificuldades físicas e logísticas, Mahseredjian, que foi parte importante da comissão técnica da Seleção Brasileira, enfatiza a importância da organização e da técnica para conquistar vitórias nessas condições adversas.
O Flamengo, como cabeça de chave do Grupo E, enfrentará Millonarios, Bolívar e Palestino. Sua estreia na Libertadores ocorrerá entre os jogos da final do Campeonato Carioca, contra o Nova Iguaçu.
