O surfe como você conhece está mudando. O avanço de tecnologias e investimentos altíssimos têm criado novas oportunidades. Se antes as praias eram os únicos destinos para os surfistas – os profissionais e os de horas vagas -, hoje em dia não é bem assim. Nos últimos anos, as piscinas de ondas entraram em cena. Atualmente, são três piscinas de ondas em funcionamento no Brasil e mais dezenas pelo mundo. Além das que já estão prontas e em uso, outras três praias artificiais estão sendo construídas em São Paulo (duas) e em Curitiba (uma). Com ondas perfeitas, água sempre limpa e uma exclusividade impossível de se ter no mar, os clubes de surfe são o paraíso de qualquer surfista – mas ainda com acesso muito restrito.
O alto investimento, por enquanto, faz com que, no Brasil, a maioria das piscinas de ondas esteja em locais fechados ao público. A Boa Vista Village, em Porto Feliz, e a Praia da Grama, em Itupeva, as duas primeiras a ficarem prontas por aqui, são exclusivas para moradores de construções luxuosíssimas ou sócios donos de títulos caríssimos. A Surfland, a terceira em solo brasileiro, é acessível ao público, pelo menos por enquanto.
Na Boa Vista Village, os moradores precisam adquirir, também, um título que passa dos R$ 600 mil para poder usufruir da piscina de ondas. Na Praia da Grama, basta ser morador e pagar uma taxa extra para surfar. Os valores envolvidos estão longe de ser baixos.
– É impressionante o quanto a piscina de ondas está crescendo. Quanto está evoluindo. Isso, na verdade, vem fomentando o mercado do surfe, o esporte em geral. Quanto mais piscina de onda, mais gente interessada em praticar o esporte. Isso é muito positivo, ao meu ver, para o surfe em geral. Claro que ainda é um pouco inacessível, é para um público determinado. Isso eu acredito que, mais para frente, vai melhorar para que todo mundo tenha acesso. E que todo mundo possa aproveitar – analisou, ao ge, o campeão olímpico de surfe Italo Ferreira. Em meio ao “boom” das piscinas de ondas, o ge ouviu empreendedores, surfistas profissionais e um médico do esporte; visitou as obras de um dos empreendimentos sendo levantados à beira do Rio Pinheiros, por onde passa uma das maiores avenidas da maior cidade do Brasil; surfou em uma piscina de ondas. Tudo isso para responder perguntas frequentes: como funcionam as piscinas de ondas? Quem pode surfar nelas? Quais as diferenças para o mar? E o futuro?
As tecnologias
Com água doce e ondas perfeitas, as piscinas de ondas são, literalmente, piscinas – têm paredes e um fundo bem diferente do mar. Para que deixem de ser apenas piscinas, são adicionados a elas maquinários gigantescos, que gastam muita energia, e movimentam água com muita potência. O movimento por baixo da superfície faz com que surjam as ondas. Por enquanto, algumas tecnologias dominam o mercado de piscinas pelo mundo: American Wave Machines, CityWave, Kelly Slater Wave Company, Murphy’s Waves, Wavegarden, WaveLoch, Webber Wave Pools. Todas elas são capazes de criar ondas artificiais para serem surfadas longe de praias.
No Brasil, a Boa Vista Village escolheu utilizar a tecnologia da American Wave Machines, chamada de Perfect Swell, enquanto a Praia da Grama e a Surfland “fabricam” suas ondas com as máquinas da Wavegarden.
As principais diferenças entre as tecnologias são a variedade de ondas possíveis, a energia gasta (consequentemente, o valor gasto diariamente para fazê-las funcionar), o tamanho das ondas e a maneira como elas são criadas. Cada uma delas possui um custo diferente – todos ainda considerados altos por investidores brasileiros.
“É mais molezinha, vamos dizer assim” A frase do surfista brasileiro Miguel Pupo pode resumir o sentimento de muitos em relação às piscinas