O caloroso abraço de Gabigol em Tite simboliza perfeitamente como o camisa 99 tem aproveitado as oportunidades nos últimos três jogos: ele as agarrou com firmeza. Mais do que depender de seu nome, história ou carisma, o atacante demonstrou que ainda pode ser valioso para o Flamengo. E isso aconteceu por mérito próprio. Essa transformação se concretizou nos últimos 15 dias.
A entrevista de Júnior Pedroso ao Seleção Sportv, em 28 de junho, deu a impressão de que Gabigol estava com um pé fora do Flamengo. O empresário deixou claro que esperava poder anunciar um novo clube para o jogador em breve. O Rubro-Negro entendeu o recado e abriu-se para negociações com clubes do mercado interno, afastando Gabigol dos jogos contra Cruzeiro, Atlético-MG e Cuiabá.
Naquele momento, Gabigol havia jogado cinco partidas pelo Flamengo e ainda poderia se transferir para outro clube na Série A do Brasileiro e na Libertadores de 2024. Durante esse período, seu nome esteve ligado a Palmeiras e Cruzeiro, mas as negociações não avançaram.
A mudança de cenário começou a ocorrer há 15 dias, em 11 de julho, após a derrota do Flamengo por 2 a 1 para o Fortaleza. Com o time em desvantagem, Tite colocou Gabigol em campo no lugar de Allan aos 24 minutos do segundo tempo. Embora o Flamengo não tenha conseguido a virada, Gabigol, atuando como armador, agitou o jogo com dois bons cruzamentos e um gol anulado por milímetros. Se sua relação com a torcida estava desgastada devido à iminente saída e ao episódio da camisa do Corinthians, esse jogo marcou o início de uma trégua.
No último sábado, contra o Criciúma, Gabigol eliminou qualquer chance de transferência para outro clube na Série A em 2024. Embora tenha jogado poucos minutos, entrou aos 32 do segundo tempo e, aos 44, converteu um “pênalti-sinuca” com perfeição, garantindo a vitória por 2 a 1 e provocando uma grande celebração no Mané Garrincha.
Após o jogo, Gabigol expressou descontentamento com o tratamento recebido pela diretoria, pediu mais minutos de jogo e reafirmou seu desejo de permanecer no Flamengo:
- Minha vontade é bem conhecida. Muitas promessas não foram cumpridas. Não considero que a forma como fui tratado foi adequada para um ídolo. Mas eu tenho buscado dar o meu melhor. Ajudar o Flamengo é o que mais quero.
Apesar de ter apenas dois jogos como titular em 2024, Gabigol tem sido o 12º jogador mais acionado por Tite, entrando em campo 19 vezes ao lado de Victor Hugo.
Dois dias após o jogo contra o Criciúma, o presidente Rodolfo Landim comentou no Charla Podcast que Gabigol deveria corresponder às expectativas salariais para renovar. Apesar disso, afirmou que a proposta ainda está em aberto e que deseja a permanência do atacante:
- A proposta está na mesa. Se ele quiser assinar, assina. Ele controla a situação. Entendo seu lado, mas ele também precisa entender o do Flamengo. Acredito que, pela conexão com a torcida, ele deve querer permanecer no Flamengo.
Atendendo à cobrança de Landim, Gabigol entregou um desempenho decisivo no jogo seguinte. Entrando em campo por Tite aos 24 do segundo tempo, começou como centroavante e depois recuou para a posição de armador. Em apenas oito minutos, quase fez um belo gol ao driblar o goleiro Lucas Arcanjo e chutar rasteiro. Aos 44 minutos, deu um passe perfeito para Carlinhos, que marcou um golaço.
Para selar sua redenção, Gabigol correu em direção a Tite e o abraçou com entusiasmo. Após cumprimentar vários membros da comissão técnica, Tite retribuiu o abraço calorosamente.
Com o pênalti convertido e o passe decisivo para Carlinhos, Gabigol alcançou mais de 200 participações em gols pelo Flamengo, com 157 gols e 44 assistências. Abraçado pela torcida em momentos bons e ruins, Gabigol aproveitou suas últimas chances e voltou a ser um jogador importante para o Flamengo, mostrando-se confiável em três jogos decisivos e contribuindo para mudar a história das partidas e do clube.