Pedrinho, presidente do Vasco, está nos preparativos para divulgar o balanço financeiro de 2023 do clube nos próximos dias, tendo como prazo limite a terça-feira da próxima semana, dia 30 de abril. De acordo com as demonstrações financeiras de 2023, a dívida do clube aumentou significativamente, passando de cerca de R$ 25 milhões para R$ 200 milhões. Em uma entrevista concedida ao canal Fanático Vascaíno durante o final de seu mandato, o então presidente Jorge Salgado mencionou algumas “dívidas ocultas”, referindo-se a processos que ainda não foram julgados pela justiça e que não estão incluídos na dívida oficial. Segundo informações obtidas pelo ge, esses valores, próximos ou em fase de execução, deverão fazer com que a dívida do clube aumente oito vezes.
Na mesma entrevista, realizada em maio do ano anterior, Salgado mencionou que “a tendência é reduzirmos a participação de 30% para termos que pagar alguma dívida”. O ex-presidente e a diretoria firmaram um contrato com a 777 Partners, prevendo a venda de, por exemplo, 10% dos 30% que o clube ainda possui, com o intuito de arrecadar R$ 100 milhões e tentar amortizar a dívida de aproximadamente R$ 200 milhões, levando em conta um deságio de 50% nas negociações com cada credor.
Mas afinal, quais são essas dívidas? Muitas delas remontam a períodos antigos. Elas incluem ações cíveis de alto valor, como aquelas movidas pelo escritório de advocacia Barreira de Oliveira, além de dívidas trabalhistas de ex-treinadores e ex-jogadores, como Dorival Junior, Diego Souza, Eder Luis, Sandro Silva, entre outros. O novo vice-presidente de finanças de Pedrinho, Silvio Almeida, está coordenando esforços para levantar todos esses valores com o auxílio de advogados.
Internamente, o clube já considerava a possibilidade de uma revisão significativa no saldo dos passivos judiciais. Inclusive, com base nas informações contidas em pareceres do Conselho Fiscal, eles acreditavam que os valores registrados no balanço de 2022 estavam subestimados.
O ge tentou entrar em contato com o vice-presidente de finanças, Silvio Almeida, mas não obteve retorno, assim como o ex-presidente Jorge Salgado.
O contrato com a 777 Partners prevê a possível emissão de debêntures conversíveis em ações para o pagamento das dívidas, porém, dificilmente será aceito pela nova diretoria de Pedrinho. Antes mesmo da posse de Pedrinho em janeiro, a relação entre o clube e a SAF do Vasco, bem como com a sede americana da 777 Partners, não era amistosa. Recentemente, ocorreu a primeira reunião presencial em clima pouco harmonioso. Existem movimentos, ainda incipientes, para realizar o movimento oposto – ou seja, comprar de volta a participação acionária do futebol do clube.
Outro ponto de discordância com a SAF vascaína é uma questão na qual não houve entendimento nem mesmo com a gestão de Salgado, que mantinha uma relação mais próxima com a 777. Segundo informações obtidas pela nova diretoria do Vasco, o clube deve R$ 25 milhões em uma conta corrente criada entre o CRVG e a Vasco da Gama SAF. Esse tema é relevante, pois existe uma previsão contratual de possível diminuição da participação societária do clube no futebol. A conta concorrente foi criada para tratar da quitação de dívidas de ambos os lados. Se uma dívida da Vasco SAF fosse paga pelo Vasco associativo, ela entraria nessa conta, e vice-versa.
Esse assunto tem sido motivo de debates acalorados dentro do clube. Já foram feitas sugestões de levar o caso para uma câmara de arbitragem independente, mas até o momento não houve avanços. É provável que o balanço do clube não inclua os cerca de R$ 25 milhões contabilizados nas demonstrações financeiras, pois espera-se contestar e discutir o assunto com a SAF mais uma vez.
