Lembrar de Alcir Portella é inevitavelmente lembrar do Vasco. Em um elenco estrelado por Roberto Dinamite e Moisés, foi o volante quem recebeu a braçadeira de capitão para levar o time à conquista do primeiro título brasileiro, que completou 50 anos neste mês. Com 508 partidas, ele se tornou o terceiro jogador com mais jogos pelo clube. Após a aposentadoria dos gramados, Portella seguiu sua paixão pelo Vasco como auxiliar técnico, conquistando mais três Brasileirões (1989, 1997 e 2000) e uma Libertadores (1998). Uma vida inteiramente dedicada ao clube de São Januário.
Mas sua dedicação não se restringia apenas ao futebol. Alcir também cultivava uma grande paixão pelo samba. Ele teve um papel crucial na formação do grupo Fundo de Quintal. Em uma noite de 1975, em Bonsucesso, abordou um jovem vizinho que sempre carregava um violão e cantava nas ruas. Esse vizinho era o futuro sambista Jorge Aragão. Alcir pediu que ele cantasse e, ao ouvir a canção, fez questão de apresentá-lo a um amigo, o sambista Neoci, que ajudou a transformar a canção “Malandro” em um sucesso.
A amizade entre Alcir e Aragão foi além, e o grupo Fundo de Quintal se formou com a ajuda de ambos. O talento do grupo, impulsionado por Beth Carvalho e outros músicos, rapidamente conquistou o Brasil, gerando hits como “O Show Tem Que Continuar” e “A Batucada dos Nossos Tantãs”. Ao longo dos anos, o grupo gravou 23 álbuns e conquistou diversos prêmios, mantendo-se relevante na cena musical com milhões de ouvintes nas plataformas de streaming.
Atualmente, o Fundo de Quintal está confirmado para a próxima edição do Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do país, mostrando que a herança musical de Alcir Portella e seus colegas continua a brilhar. Portella se aposentou do futebol no final dos anos 1970, mas permaneceu ativo no samba e também desempenhou papéis importantes no carnaval da Imperatriz Leopoldinense. Ele faleceu em 2008, deixando um legado de paixão e talento que une o futebol e o samba de forma inesquecível.