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domingo, 29 dezembro, 2024
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A bolsa de valores nunca foi tão intensa: ‘Jogo do Dinheiro’ na Netflix

Por Alexandre G.

O filme “Jogo do Dinheiro” (2016), sob a direção de Jodie Foster, adentra o instável universo da bolsa de valores e da mídia, construindo uma narrativa que atrai o espectador pela sua contemporaneidade e relevância. A trama coloca George Clooney no papel de Lee Gates, um cativante apresentador de um programa financeiro, que é feito refém ao vivo por Kyle Budwell, interpretado intensamente por Jack O’Connell, um investidor desesperado que perdeu tudo devido a um conselho inadequado.

A proposta é promissora, proporcionando a Foster uma ampla tela para explorar temas como a responsabilidade da mídia, a fragilidade do mercado financeiro e a angústia do cidadão comum diante da impotência econômica. A direção de Foster é competente, mantendo o ritmo acelerado e a tensão, envolvendo o espectador, apesar de algumas escolhas narrativas que podem parecer previsíveis.

O roteiro, assinado por Jamie Linden, Alan DiFiore e Jim Kouf, busca equilibrar a crítica social com o suspense, mas por vezes se perde em suas próprias ambições, abordando superficialmente algumas questões cruciais. No entanto, isso não diminui os méritos dos momentos destacados do filme, especialmente nas interações entre Clooney e O’Connell.

A cinematografia de Matthew Libatique contribui de maneira significativa para a atmosfera tensa, aproveitando eficazmente o espaço confinado do estúdio de televisão para intensificar a sensação de claustrofobia e desespero. A trilha sonora, embora não particularmente memorável, se integra bem à narrativa, acrescentando uma camada de urgência às cenas.

As atuações são indiscutivelmente um dos pontos fortes do filme. Clooney oferece uma atuação convincente, transitando habilmente entre o charme superficial de seu personagem e os momentos de vulnerabilidade. O’Connell, por sua vez, apresenta uma mistura tangível de raiva e desespero, criando um antagonista complexo e empático.

Julia Roberts, no papel da produtora do programa, Patty Fenn, entrega uma atuação sólida, servindo como o elo racional entre Gates e Budwell. Sua presença é um contraponto necessário, trazendo um senso de calma à tempestade que se desenrola na tela.

O filme também busca examinar criticamente o papel da mídia na sociedade moderna e sua responsabilidade perante o público. Embora esse aspecto seja intrigante, o tratamento dado ao tema é um tanto superficial, não alcançando a profundidade que a questão merece.

Em termos de narrativa, “Jogo do Dinheiro” consegue manter o interesse, mas não sem alguns tropeços. A tentativa de mesclar o thriller com o comentário social é ambiciosa, porém nem sempre bem-sucedida, resultando em um filme que, por momentos, parece não encontrar exatamente o tom adequado.

Em resumo, “Jogo do Dinheiro” é um thriller competente que oferece entretenimento e reflexão, embora não explore completamente seu potencial. As atuações marcantes e a direção segura de Foster asseguram que o filme seja uma adição válida ao gênero, mesmo que não revolucione ou apresente novas perspectivas sobre os temas abordados.

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