Em editorial publicado neste domingo (30), o influente jornal britânico The Economist teceu duras críticas à política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando o governo brasileiro de se isolar das principais democracias ocidentais e adotar posturas alinhadas a regimes autoritários, como Irã, China e Rússia.
O jornal cita como exemplo alarmante a nota oficial divulgada pelo Itamaraty em 22 de junho, na qual o governo Lula “condenou veementemente” os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas — ação respaldada por boa parte do mundo democrático. Para o The Economist, a posição do Brasil contraria a dos seus aliados históricos e reforça a guinada ideológica da diplomacia petista.
“Enquanto as democracias do Ocidente apoiaram ou expressaram preocupação, o Brasil isolou-se ao condenar firmemente os EUA e defender o Irã — uma teocracia repressora acusada de financiar o terrorismo global”, destaca o editorial.
Brasil sob Lula: de plataforma global a parceiro de ditaduras
O jornal afirma que o Brasil, sob a liderança de Lula, perdeu a chance de ocupar uma posição de destaque como potência emergente neutra. O editorial destaca que o país “parece cada vez mais hostil ao Ocidente”, e isso mina sua credibilidade internacional.
A publicação lembra que Lula, como atual presidente do BRICS — bloco que agora inclui o Irã —, tem favorecido aproximações com ditaduras e regimes autoritários, distanciando-se de valores democráticos fundamentais. “O BRICS foi originalmente criado como uma plataforma para o Brasil exercer influência global. Agora, o grupo se converte em ferramenta da China e da Rússia, e o Brasil segue junto sem questionar”, aponta o texto.
Alinhamento com o Irã irrita Ocidente e preocupa aliados comerciais
O The Economist reforça que a nota pró-Irã emitida pelo Itamaraty causou grande desconforto nas chancelarias ocidentais. A repercussão negativa foi imediata, especialmente entre diplomatas norte-americanos e europeus, que já veem com preocupação o aprofundamento das relações entre o Brasil e regimes como Irã, Nicarágua, Venezuela e Cuba.
Para o jornal, isso pode ter impacto direto nas relações comerciais e diplomáticas com países que há décadas são os principais parceiros do Brasil, tanto em exportações como em cooperação tecnológica, investimentos e acordos ambientais.
Neutralidade brasileira está em xeque
O editorial também cita o professor e analista Matias Spektor, da Fundação Getulio Vargas (FGV), para destacar o paradoxo da política externa de Lula: o Brasil alega neutralidade, mas suas atitudes mostram alinhamento claro com regimes antidemocráticos.
“Quanto mais a China transforma o BRICS em instrumento da sua política externa e quanto mais a Rússia usa o grupo para legitimar a guerra na Ucrânia, mais difícil será para o Brasil continuar dizendo que é não alinhado”, afirma Spektor.
Críticas refletem desgaste internacional de Lula
A crítica do The Economist soma-se a uma onda de desconfiança internacional sobre o terceiro mandato de Lula. Ao optar por discursos ambíguos em relação a ditaduras e silenciar diante de violações de direitos humanos cometidas por seus aliados ideológicos, o presidente petista perde apoio no Ocidente e reforça sua imagem de liderança esquerdista ultrapassada e ideológica.
Enquanto o Brasil busca protagonismo diplomático, Lula parece mais disposto a agradar regimes autocráticos do que a preservar alianças com democracias consolidadas — uma escolha política que, segundo analistas, pode custar caro ao país nos próximos anos, tanto em termos econômicos quanto de credibilidade global.