O ex-chanceler Celso Amorim, chefe da Assessoria Especial da Presidência, será ouvido pelo Senado nesta quinta-feira, dia 15, sobre sua atuação na mediação da crise política venezuelana como representante do governo Lula. A convocação, iniciativa da oposição, busca esclarecimentos sobre as negociações após suspeitas de fraude nas eleições, que visam manter o ditador Nicolás Maduro no poder, e a possibilidade de novas eleições.
Durante a audiência pública, marcada para 10h, Amorim deverá explicar sua recente viagem a Caracas como observador eleitoral, a última de uma série de 22 missões internacionais, conforme revelou o Estadão. Os senadores querem detalhes sobre a agenda de Amorim, incluindo conversas privadas com Maduro, figuras do regime chavista e com o candidato opositor Edmundo González, recebido na embaixada brasileira.
Um dos focos principais da audiência será o entendimento da diplomacia brasileira, apoiada pela Colômbia, para mediar um acordo entre Maduro e a oposição. Senadores também desejam discutir a possibilidade de um “segundo turno” entre Maduro e González, proposta que a oposição rejeita.
Amorim enfrentará um ambiente de hostilidade no Senado, em especial dos senadores bolsonaristas, que pressionam por mais esclarecimentos. A audiência será conduzida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), presidida por Renan Calheiros (MDB-AL), aliado de Lula. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), autora do requerimento, justificou que é essencial que o governo preste contas sobre suas missões internacionais, assegurando que estejam alinhadas com os interesses nacionais e com a soberania dos países vizinhos.
As controvérsias envolvendo a política externa brasileira em relação à Venezuela, sob influência direta de Amorim, geraram críticas tanto da oposição no Congresso quanto de aliados estrangeiros. Amorim será o primeiro do governo a ser convocado, com o ministro Mauro Vieira, do Itamaraty, sendo o próximo na linha de chamados.
Além disso, Amorim também está na mira da Câmara dos Deputados, que quer questioná-lo sobre sua recente viagem à Rússia e a posição brasileira na guerra da Ucrânia.