O presidente Lula tem razão ao afirmar, durante o encontro do G-20 no Rio de Janeiro, que “a fome não é uma coisa natural” e que ela resulta de “decisões políticas”. Realmente, são decisões políticas que criam as condições para que uma parte da população sofra com a insegurança alimentar.
No entanto, Lula não mencionou que algumas dessas decisões foram tomadas por ele próprio. Durante seus 13 anos no poder, junto com Dilma Rousseff, ele deixou de implementar reformas essenciais que poderiam modernizar o Estado brasileiro, dinamizar o setor produtivo e estimular o crescimento econômico sustentável. Sem tais reformas, milhões de brasileiros permanecem vulneráveis à pobreza extrema.
A escolha política do governo lulopetista foi, deliberadamente, a do atraso. Em vez de abrir a economia para melhorar a competitividade internacional, Lula e Dilma optaram pelo protecionismo, com uma visão ultrapassada sobre o desenvolvimento. O resultado foi uma baixa produtividade, um setor industrial acomodado aos privilégios e uma precarização crescente do mercado de trabalho.
Além disso, Lula e Dilma preferiram usar a dilapidação das contas públicas como uma ferramenta de desenvolvimento, acreditando que o Estado deveria ser o protagonista da economia, enquanto a iniciativa privada teria um papel secundário. Esse modelo levou à corrupção nas estatais, como a Petrobras, e resultou na quase exaustão da capacidade do Estado de atender às necessidades básicas dos mais pobres.
O desequilíbrio nas contas públicas, negligenciado por Lula e Dilma, causou aumento dos juros, inflação e, finalmente, recessão, que afetou severamente os mais pobres. Em várias regiões do Brasil, essas pessoas passaram a depender de programas de transferência de renda para sobreviver.
Lula também comprometeu a racionalização do Orçamento, tornando quase impossível a alocação de recursos para investimentos, inclusive nas áreas sociais. Isso fez com que o Brasil estagnasse, e aqueles que passam necessidades não podem esperar um milagre lulopetista.
Entre 2021 e 2023, 8,4 milhões de brasileiros, ou 3,9% da população, enfrentaram fome e subnutrição, conforme o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo” da ONU. Além disso, 39,7 milhões de brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave, o que significa que tiveram dificuldade para acessar alimentos ou ficaram sem comida por um ou mais dias.
Lula prometeu, no pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, erradicar a fome no Brasil até o fim de seu mandato. Embora possa haver melhorias com o aumento dos recursos para programas sociais e valorização do salário mínimo e das aposentadorias, isso não garante uma solução duradoura. A dependência de programas de transferência de renda pode até ser perpetuada sem criar condições reais para que os pobres superem a fome de forma definitiva.
A luta contra a fome deve ser um compromisso contínuo de Estado e de todos os brasileiros. Para erradicar a falta de comida, é necessário mais do que um programa de transferência de renda. É preciso crescimento sustentável, criação de empregos de qualidade, distribuição equitativa da riqueza, abertura econômica, uma saúde eficiente e uma educação de qualidade. Apenas com essas medidas concretas, e não com demagogia, o Brasil conseguirá enfrentar a fome.