Nesta terça-feira (18), Lula tratou o governador de São Paulo como um potencial adversário nas próximas eleições nacionais pela primeira vez e afirmou que Tarcísio tem mais influência sobre Campos Neto do que ele. A declaração foi feita em entrevista à rádio CBN.
Para pessoas próximas ao governador, o petista busca desviar a atenção da condução da política econômica diante da pressão que vem sofrendo devido à deterioração das expectativas de inflação, à depreciação do real frente ao dólar e à percepção de maior risco fiscal.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa hoje a analisar e decidirá amanhã sobre a taxa de juros. A expectativa é que o colegiado mantenha a taxa no atual nível de 10,50% ao ano.
Aliados do governador acreditam que Lula está tentando politizar a questão para redirecionar a responsabilidade pelo cenário econômico.
“[Tarcísio] tem mais [poder de influência] que eu. Não é que ele [Campos Neto] encontrou com Tarcísio numa festa. A festa foi para ele, foi uma homenagem do Governo de São Paulo para ele, certamente porque o governador de São Paulo está achando maravilhoso a taxa de juros de 10,5%”, disse Lula.
“A quem esse rapaz é subordinado? Como ele vai a uma festa em São Paulo, quase assumindo candidatura a um cargo no Governo de São Paulo? Cadê a autonomia dele?”, questionou o petista, comparando também o presidente do BC a Sergio Moro, atual senador e ex-juiz da Lava Jato.
A comparação com Moro se dá porque, como revelou o Painel SA, o presidente do Banco Central indicou a Tarcísio que aceitaria um eventual cargo de ministro da Fazenda, caso ele concorra e vença a eleição.
Campos Neto foi nomeado presidente do BC por Jair Bolsonaro (PL) e desenvolveu uma amizade com Tarcísio durante o período em que este último foi ministro da Infraestrutura.