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segunda-feira, 11 novembro, 2024
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Eleições na Venezuela: Modelo matemática independente revela vitória massiva da oposição

Por Marina B.

Uma contagem de votos independente confirma a alegação da oposição na Venezuela de que Edmundo González Urrutia venceu as eleições do último domingo, 28. Os dados, obtidos pelo Estadão com antecedência, mostram que o opositor recebeu 66,23% dos votos, enquanto Nicolás Maduro obteve 31,27%.

Esses números são da plataforma AltaVista, desenvolvida por uma organização sem fins lucrativos venezuelana que pediu anonimato por questões de segurança. Os cálculos foram feitos por especialistas da organização e validados por estatísticos e cientistas políticos brasileiros com experiência em dados eleitorais, especialmente em contextos pouco democráticos.

Os dados da plataforma são semelhantes aos divulgados pela líder opositora María Corina Machado, que afirmou que González Urrutia obteve 70% dos votos com 84% das atas eleitorais acessadas pela oposição. Se esses números estiverem corretos, indicam uma tendência irreversível de vitória do opositor. No entanto, especialistas e observadores internacionais ressaltam que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) precisa publicar as atas para validar os dados da eleição.

Mais de cinco horas após o fechamento das urnas na Venezuela, o CNE declarou Nicolás Maduro como vencedor com 51% dos votos, enquanto González Urrutia teria obtido 44%. O CNE, no entanto, não divulgou as atas que comprovariam esses números. Desde então, a oposição vem coletando atas recebidas por seus fiscais nas seções eleitorais onde tiveram acesso.

De acordo com a plataforma AltaVista, González Urrutia teria vencido Maduro com uma diferença de 34 pontos percentuais, número próximo ao das pesquisas pré-eleitorais. A margem de erro da ferramenta é de 0,5%.

A estimativa também está alinhada com levantamentos de boca de urna feitos pela Edison Research, uma consultoria de dados baseada nos EUA, que aponta uma vitória da oposição com 65% contra 31% de Maduro.

Método pensado para fraudes

Antes das eleições, os pesquisadores estabeleceram uma amostra de 1500 urnas, das mais de 30 mil disponíveis, para coletar os dados. As urnas foram selecionadas aleatoriamente, mas seguindo critérios de zonas de influência eleitoral para evitar vieses. Dados históricos de eleições anteriores foram usados para identificar padrões de votação e distorções nas eleições de domingo.

Cada urna recebeu uma pontuação de 0 a 7, onde 0 representava urnas mais oposicionistas e 7, as mais chavistas. Isso permitiu aos pesquisadores corrigir distorções e garantir uma amostra representativa.

Falta de dados do CNE

Inicialmente, esperava-se usar dados do CNE após a totalização dos votos. Porém, devido ao risco de eleições não serem livres e justas, os pesquisadores criaram um chatbot para que voluntários enviassem fotos das atas eleitorais. Esses voluntários, atuando como fiscais, conseguiram acessar 971 das 1500 atas planejadas.

Cada comprovante possui um QRCode para verificação de validade. Dalson Figueiredo, professor de ciência política na Universidade Federal de Pernambuco, explica que as informações são validadas antes de serem incluídas na base de dados. A amostra de 971 atas é considerada boa, representando 68% da meta.

Conforme as atas eram coletadas, os pesquisadores ajustavam a estimativa para evitar vieses. Raphael Nishimura, diretor de operações de amostragem na Universidade de Michigan, destacou que esse processo contínuo permitiu criar uma projeção confiável.

Caso o CNE divulgue as atas eleitorais, o grupo pretende usar cinco testes estatísticos diferentes para identificar fraudes. A metodologia foi aplicada nas eleições de 2018 no Brasil e publicada na revista Forensic Science International: Synergy.

Transparência

O diferencial da ferramenta é a replicabilidade do método. Antes das eleições, a metodologia foi registrada no Open Science Foundation e todos os dados foram publicados online. Quem acessar o site da plataforma pode visualizar os QRCode fotografados e informações associadas.

“Nossos dados e métodos estão abertos para garantir transparência,” afirma Figueiredo. “Qualquer pessoa interessada pode replicar o que fizemos.”

Os dados da oposição

Na terça-feira, 30, María Corina Machado atualizou a informação, afirmando que possuía 84% das atas, indicando uma vitória de González Urrutia com 70% dos votos. Segundo Figueiredo, esses números são críveis, apesar de diferenças na contagem de votos nulos.

Com 73% das atas analisadas, os dados indicam uma tendência irreversível. Uma análise diferente do CNE, que mostrou uma diferença de 700 mil votos entre os candidatos com 80% das urnas apuradas.

“Com 73% das atas, a tendência é irreversível. A quantidade de informação restante não mudará a conclusão do nosso levantamento nem do da Corina,” conclui Figueiredo.

Com informações, Estadão.

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