No meio de um cenário econômico turbulento, com a queda nos índices de aprovação do governo e a crise em curso na Petrobras, conselheiros próximos ao presidente Lula, o estão pressionando nos bastidores por uma ação rápida. Eles pedem um “freio de arrumação” imediato para reverter a maré negativa. Nos corredores do poder, aliados do presidente expressam sua preocupação com a aparente “falta de rumo”, ressuscitando assim o debate sobre uma reforma ministerial.
“Sinto que estamos caminhando para um desgoverno, uma completa confusão. O governo está à deriva. O presidente precisa intervir. Se demorar muito, será tarde demais para corrigir esses danos”, desabafou um petista com influência no Palácio do Planalto, sob condição de anonimato.
A crise na Petrobras, especialmente, acendeu uma luz de alerta no governo. Uma fonte próxima ao presidente enfatiza que a prioridade máxima agora é resolver as tensões entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o da Casa Civil, Rui Costa.
As disputas entre esses dois importantes auxiliares de Lula são apontadas como a raiz da polêmica em torno da decisão da Petrobras de reter dividendos extraordinários para os acionistas da estatal. Contudo, o conflito não se limita apenas à empresa. “É apenas a ponta do iceberg”, comentou uma fonte próxima de Lula.
A sugestão de uma reforma ministerial abrangente tem sido discutida nos bastidores do governo desde o ano passado. Primeiro, cogitou-se uma reestruturação da Esplanada para janeiro. Depois, a ideia foi adiada para o final de março, aproveitando a janela de desincompatibilização para as eleições municipais. Entretanto, no início deste ano, Lula congelou completamente as discussões sobre o assunto.
De acordo com interlocutores, o presidente temia que as mudanças na equipe desencadeassem uma corrida do Centrão por cargos ministeriais, exacerbando assim a crise na articulação política do governo. Até o momento, segundo aliados, Lula não indicou qualquer disposição para revisar sua equipe. No entanto, há sugestões de que ele possa restringir as mudanças ao núcleo central do governo. Desta forma, as trocas seriam pontuais, concentradas apenas nos cargos de sua total confiança.