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terça-feira, 8 outubro, 2024
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Brasil despenca no ranking mundial de competitividade: O que está afundando nossa economia?

Por Marina B.

O Brasil caiu para a 62ª posição no Ranking Mundial de Competitividade, que avalia o desempenho de 67 países.

Elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD), em parceria no Brasil com o Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), o ranking compara os esforços de competitividade entre os países.

Para determinar o ranking, são analisadas as vantagens comparativas das economias de cada país, avaliando crescimento, bem-estar social e infraestrutura. Em termos simples, é uma medida que verifica quão bem um país se compara a outros em condições semelhantes.

Os organizadores da pesquisa indicam que o ranking pode servir como um termômetro para governos e empresas, ajudando a direcionar melhor seus esforços.

Apesar de perder duas posições, Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da FDC e líder da pesquisa no Brasil, destaca que o país sempre esteve entre os piores colocados.

“Em tamanho e riqueza, o país é grande, uma das maiores economias do mundo. Mas é um país pobre”, avalia Tadeu, que aponta a mentalidade por trás dos investimentos realizados no país, tanto públicos quanto privados, como a raiz do problema.

A posição no ranking é determinada por vários fatores. Na performance econômica – Produto Interno Bruto (PIB), inflação, etc. –, o Brasil está na 38ª posição, a melhor já alcançada nesse quesito.

No entanto, os fatores de eficiência empresarial e governamental, com o país respectivamente em 61º e 65º, prejudicam o desempenho geral.

“[O Brasil] ainda é um país que depende de commodities e uma indústria tradicional. Falta uma agenda clara e definição de prioridades; precisamos focar em um crescimento de qualidade”, pontua o líder da pesquisa.

Tadeu destaca que o crescimento necessário depende de investimentos em produtividade, com pilares em custo de capital, conhecimento, tecnologia e inovação.

Na avaliação do economista, todos esses fatores estão defasados no país.

“Se temos um gasto público alto, isso dificulta o investimento e eleva o custo de capital”, explica, acrescentando que a insegurança jurídica no país também agrava o problema e afugenta investidores.

“Fazer negócios no Brasil não é muito atraente. Além do custo elevado, há a significativa presença do estado na economia, alta carga tributária e procedimentos legais complexos. É muito complicado abrir empresas no Brasil”, detalha.

Como resultado, investidores procuram outros lugares onde o custo de capital é menor e a visão para o futuro é mais desenvolvida. Tadeu critica também a postura das empresas.

“Não adianta só culpar o governo quando a eficiência das empresas também é baixa. Elas não têm investido em inovação, ciência, tecnologia e tecnologias digitais”, observa o líder da pesquisa, destacando que “quem cresce são os países que investem em eficiência governamental e empresas tecnológicas”.

Ignorar a inovação e a pesquisa agrava o problema e afeta a formação da mão de obra.

Qualificação

Os fatores do ranking são compostos por subfatores. Em alguns deles, o Brasil está na última posição (67ª), como em “educação em gestão” e “habilidades linguísticas”.

Em outros tópicos importantes que qualificam nossa mão de obra, o desempenho também é fraco. O subfator “mão de obra qualificada” do Brasil é o 3º pior do ranking, enquanto a educação nacional está na 2ª pior posição.

“Não queremos focar nessa agenda educacional, e nosso crescimento fica estagnado”, comenta Tadeu.

Mudança de mentalidade

O líder da pesquisa no Brasil argumenta que focar apenas na força do PIB é um movimento “letárgico” que não levará o país ao futuro, pois o mercado internacional busca inovação.

Mesmo que o cenário atual não seja ideal, Tadeu é otimista quanto às oportunidades para o Brasil, especialmente no potencial de energia verde.

O Brasil é o 5º melhor país do ranking em energia renovável. O economista aponta que há espaço para crescer e aproveitar esse potencial, mas reforça que “o motor é a inovação”.

“Precisamos ser um país baseado em conhecimento. Para aproveitar essa energia verde, dependemos de ciência e tecnologia, universidades e cérebros. E se não buscarmos essa agenda educacional, perderemos essa corrida”, conclui.

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