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sexta-feira, 29 novembro, 2024
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Bolsa de Valores em declínio: Governo Lula na mira dos investidores

Por Marina B.

A Bolsa de Valores brasileira está prestes a encerrar o trimestre com seu pior desempenho desde a grande fuga de investidores em 2020, quando os temores em torno da epidemia de covid-19 levaram ao esvaziamento dos mercados emergentes. Dessa vez, a debandada, impulsionada pelos sinais vindos dos Estados Unidos e da China, recebe uma contribuição significativa da interferência doméstica, destacada nas ações do governo Lula da Silva que afetam a economia de mercado.

No primeiro trimestre de 2020, o medo da covid-19 se refletiu na saída de R$ 64,3 bilhões da B3 em busca de mercados menos arriscados, um fluxo que permaneceu negativo no início do ano seguinte e só mostrou recuperação no primeiro trimestre de 2022. Em 2023, com o início do terceiro mandato de Lula, as críticas contundentes do Planalto à política monetária e à autonomia do Banco Central aumentaram a desconfiança do mercado, contribuindo para uma nova onda de saída de investidores internacionais.

Neste ano, a situação vai além da retórica. Até o dia 20 de março, cerca de R$ 21,2 bilhões já tinham deixado a Bolsa de São Paulo, temendo as incursões estatizantes do governo. Embora a mudança de expectativas em relação à taxa de juros nos Estados Unidos – que deve sofrer apenas mais três cortes neste ano – tenha atraído um grande volume de investidores para lá, o crescimento chinês abaixo do esperado também aumenta as dúvidas sobre o Brasil, cujo principal mercado é a China. No entanto, as recentes ações de Lula erguem um muro que ameaça bloquear as intenções de investimento no país.

É possível que o governo Lula venha a ignorar esse movimento, argumentando que se trata de capital especulativo de curto prazo que foge ao primeiro sinal de perigo. Esse argumento não é totalmente infundado, mas não justifica afastar os investidores que mantêm a vitalidade do mercado acionário. Enquanto houver retorno e remuneração adequada, esses recursos estarão disponíveis para financiar as empresas nacionais e gerar novos investimentos de longo prazo. É assim que o mercado opera.

Ao tentar influenciar as decisões da Vale, uma empresa privada sem controlador definido, reter dividendos do lucro extraordinário da Petrobras que deveriam ser distribuídos aos investidores e buscar um maior controle estatal das decisões estratégicas da também privatizada Eletrobras, Lula da Silva afasta o capital. Afinal, o propósito por trás dessas ações é sempre reunir recursos para financiar projetos de governo que muitas vezes não interessam nem às empresas nem aos investidores.

Ao contrário do que pensa Lula, as empresas brasileiras não são obrigadas a seguir o modelo de desenvolvimento do governo, seja qual for. Cabe ao Estado formular – e financiar – políticas públicas para garantir o bem-estar e a segurança dos cidadãos e facilitar as operações empresariais e financeiras. Lula da Silva poderia contribuir muito mais se simplesmente não interferisse.

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