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terça-feira, 26 novembro, 2024
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Banco Central ameaça com novos aumentos na taxa de juros se inflação sair do controle

Por Marina B.

A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 6, enfatizou que a autoridade monetária não hesitará em aumentar a taxa de juros para garantir a convergência da inflação à meta, se julgar necessário.

“O cenário atual, marcado por projeções mais elevadas e maiores riscos de alta da inflação, é desafiador. O comitê avalia que o desenvolvimento desse cenário será crucial para definir os próximos passos da política monetária”, diz um trecho do documento.

O comitê justificou que a decisão unânime de manter a Selic em 10,50% ao ano, na semana passada, é compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta de 3% em 2024. Segundo o Copom, a melhor estratégia é manter a taxa de juros elevada por um período suficientemente longo para alcançar a meta de inflação.

O Banco Central indicou que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no cenário de referência para 2024, está em 4,2% e, para 2025, em 3,6%. No comunicado e na ata, a autoridade monetária não indicou qual será o ritmo de corte de juros na próxima reunião, marcada para os dias 17 e 18 de setembro.

A avaliação é que a política monetária se manterá contracionista por tempo suficiente para consolidar o processo desinflacionário e ancorar as expectativas.

“O comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico de resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, afirma o documento.

O Copom destacou que os riscos para o cenário inflacionário incluem a desancoragem das expectativas de inflação por um período mais prolongado, maior resiliência na inflação de serviços do que o projetado devido a um hiato do produto mais apertado, e a combinação de políticas econômicas externas e internas que impactem a inflação. Nesse caso, foi citado como exemplo uma taxa de câmbio persistentemente depreciada, como tem ocorrido no Brasil.

A ata pontua que, sem comprometer o objetivo de assegurar a estabilidade de preços, a decisão também visa suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e promover o pleno emprego.

O documento reitera que o comitê permanecerá vigilante e eventuais ajustes futuros na taxa de juros “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

O colegiado ainda destaca que a conjuntura atual apresenta um processo desinflacionário que tende a ser mais lento, com a ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador. Essa conjuntura demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

Política fiscal A ata ressalta que o Copom monitora atentamente a política fiscal. O documento destaca que a percepção recente do mercado traz impactos relevantes em ativos e nas expectativas.

“Notou-se que a percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas. O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz a ata.

O colegiado reitera que políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas “contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”.

A ata também reforça a visão de que a diminuição no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia.

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