No dia 7 de agosto, o ministro João Otávio de Noronha, do STJ, assinou uma decisão de 89 páginas que afastou desembargadores e juízes do Judiciário maranhense envolvidos em uma trama milionária de manipulação de decisões judiciais. A operação revelou uma rede de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa que envolvia também servidores, advogados e políticos do estado. O grupo tinha como alvo os cofres do Banco do Nordeste.
De acordo com as investigações, os advogados processaram o banco e obtiveram decisões favoráveis dos magistrados, resultando em pagamentos milionários. Em um dos casos, o alvará autorizou um pagamento de 14 milhões de reais, sendo que a operação entre a ordem judicial e o saque levou apenas 18 minutos. Após o saque, os envolvidos dividiram o dinheiro com os magistrados que participaram das decisões fraudulentas.
A investigação revelou que, além dos magistrados e servidores do TJ maranhense, 14 advogados e políticos faziam parte da organização criminosa. Edilázio Júnior, presidente estadual do PSD e genro da desembargadora Nelma Sarney (uma das afastadas pelo STJ), foi alvo da ação e passou a usar tornozeleira eletrônica.
Em janeiro, Edilázio, que é suplente de deputado federal e advogado influente no Maranhão, assumiu um cargo importante na cúpula da Petrobras, seguindo a estratégia do governo Lula de distribuir cargos estratégicos na companhia entre políticos. Indicado pelo PSD, tornou-se assessor especial da presidência da estatal, controlada pelo petista Jean Paul Prates em Brasília. Nesta função, tinha acesso a informações privilegiadas e participava de reuniões de alto nível.
Em junho, Edilázio representou a cúpula da Petrobras em uma agenda de Lula no Maranhão. O encontro, registrado em fotos com o presidente da República, marcou a celebração do anúncio de um “investimento na Margem Equatorial”, que previa a exploração de petróleo na região Norte e prometia significativos avanços econômicos para a região. Edilázio expressou orgulho em representar a Petrobras durante o evento, destacando o compromisso da empresa com o desenvolvimento do estado.
O encontro entre Edilázio e Lula ocorreu em 21 de junho, dois dias após a atual presidente da Petrobras, Magda Chambriard, assumir o comando da estatal.
Nesta semana, a Petrobras informou que Edilázio já não fazia parte da empresa, mas não revelou o motivo ou detalhes da demissão. Prates comentou que Edilázio foi um dos poucos indicados que aceitou o cargo, embora não se lembrasse do apoio político específico. Um membro do PSD afirmou que, sendo suplente de deputado, Edilázio conseguiu o apoio do partido para a indicação ao cargo.
A Petrobras alegou ter um sistema de compliance para a seleção de seus executivos e servidores de alto escalão. No entanto, a investigação contra Edilázio, iniciada em 2023, não foi identificada como um problema pela empresa.