Uma empresa chinesa é a única financiadora de um concurso que premiou pesquisadores de importantes universidades dos EUA, apesar de essas instituições terem proibido colaborações com a empresa.
A Huawei, uma gigante chinesa das telecomunicações incluída na lista negra dos EUA, está secretamente financiando pesquisas de ponta em universidades americanas, como Harvard, através de uma fundação independente sediada em Washington.
Desde sua criação em 2022, a Huawei é a única patrocinadora de um concurso de pesquisa que premiou milhões de dólares e atraiu centenas de propostas de cientistas de todo o mundo, incluindo pesquisadores de importantes universidades americanas que proibiram seus colaboradores de trabalhar com a empresa, de acordo com documentos e fontes familiarizadas com o assunto.
A competição é administrada pela Fundação Optica, um braço de uma entidade sem fins lucrativos cujas pesquisas sobre luz sustentam tecnologias como comunicações, diagnósticos biomédicos e lasers.
Um documento não público obtido pela Bloomberg afirma que a fundação não é obrigada a identificar a Huawei como fonte de financiamento ou patrocinadora do programa da competição. Além disso, o acordo e o relacionamento entre as partes devem ser considerados informações confidenciais.
Essas descobertas revelam uma estratégia que a Huawei, com sede em Shenzhen, China, está utilizando para continuar financiando pesquisas internacionais, apesar das restrições impostas pelos EUA nos últimos anos, devido a preocupações de que sua tecnologia pudesse ser usada por Pequim para espionagem.
Candidatos e funcionários universitários contatados pela Bloomberg, assim como um dos jurados da competição, disseram não saber do papel da Huawei no financiamento do programa até serem questionados. Um grupo representativo de candidatos entrevistados pela Bloomberg afirmou acreditar que o dinheiro veio da fundação e não de uma entidade estrangeira.
Enquanto a Huawei se tornou membro da organização controladora da Fundação Optica no final de 2021, planejando financiar a competição por uma década, documentos indicam que o nome da empresa não é revelado para evitar que o concurso seja percebido como uma promoção da Huawei. O porta-voz da Huawei afirmou que não houve má intenção por trás da decisão de manter o patrocínio em segredo.
Embora a competição não viole as regulamentações do Departamento de Comércio dos EUA, especialistas em segurança de pesquisa afirmam que a falta de transparência viola o espírito das políticas das universidades e agências de financiamento dos EUA, que exigem a divulgação de financiamento estrangeiro.
Enquanto isso, vencedores de importantes universidades que receberam financiamento do concurso se recusaram a comentar sobre o envolvimento da Huawei, destacando a complexidade da situação e as tensões entre os interesses acadêmicos e as preocupações de segurança nacional.