A União Europeia está se encaminhando para aplicar tarifas sobre as importações de grãos provenientes da Rússia e Bielorrússia, numa tentativa de apaziguar os agricultores e alguns Estados-membros, relataram autoridades a par dos planos nesta terça-feira (19).
De acordo com comerciantes, os envios de grãos russos e bielorrussos para o bloco são relativamente baixos em comparação com os da Ucrânia, tornando a imposição de tarifas em grande parte simbólica.
Segundo a empresa de pesquisa russa SovEcon, isso terá pouco impacto no comércio e nos preços dos grãos, já que apenas 2% dos envios russos vão para a Europa, exceto pela farinha de girassol, na qual a União Europeia recebe um terço das exportações russas.
O Financial Times informou que a Comissão Europeia estaria sugerindo uma taxa de 95 euros (103,26 dólares) por tonelada métrica sobre os cereais russos e bielorrussos, com tarifas de 50% sobre sementes oleaginosas e produtos derivados.
Uma autoridade da UE afirmou que os números estavam “quase corretos”, embora ainda precisassem de finalização. Outra autoridade mencionou que a medida provavelmente seria uma tarifa, pois as medidas comerciais requerem apenas o apoio majoritário da UE, ao contrário das sanções, que exigem unanimidade.
As tarifas seriam aplicadas aos grãos destinados ao uso nos 27 membros da UE e não ao trânsito de grãos através do bloco para outros países, de acordo com as fontes.
Essa medida surge enquanto os agricultores em toda a UE clamam por mudanças nas restrições impostas pelo Plano do Acordo Verde da UE para combater as chamadas mudanças climáticas e pela reintrodução de tarifas sobre as importações de produtos agrícolas da Ucrânia, que foram dispensadas após a invasão russa em 2022.
Agricultores da vizinha Polônia, Hungria e Eslováquia, todos membros da UE, relatam reduções nos preços devido a essa medida. A Ucrânia não faz parte do bloco.
Assim como em muitas partes da Europa, a Polônia tem sido palco de protestos nas últimas semanas, com agricultores manifestando contra as regulamentações ambientais da UE.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, pediu uma proibição da UE sobre as importações de produtos agrícolas russos e bielorrussos, assim como muitos legisladores da UE debateram no Parlamento Europeu na semana passada.
Dados da Comissão Europeia mostraram que as importações totais de cereais e oleaginosas da UE vindas da Rússia em 2023/2024 foram de 1,8 milhão de toneladas até o final de fevereiro, em comparação com 19,1 milhões de toneladas da Ucrânia.
Kiev apelou para uma proibição total pela UE das importações de alimentos russos, embora uma fonte ucraniana tenha afirmado que o volume de grãos russos não é grande o suficiente para influenciar os preços europeus.
“Isso parece ser altamente simbólico, com envolvimentos de volume pequeno vindo da Rússia, que poderiam ser facilmente substituídos. Não vejo grandes repercussões nisso”, disse um comerciante alemão.
Um comerciante russo mencionou que as tarifas poderiam, no entanto, ser prejudiciais para os produtores de girassol na Rússia, já que a Europa é o principal destino das exportações de farinha de girassol. ($1 = 0,9200 euros)
