A expansão da fronteira agrícola brasileira, responsável por 69% da produção de soja e milho, enfrenta desafios significativos no escoamento, revela a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Apesar do recorde de crescimento agropecuário em 2023, com aumento de 15,1%, o transporte majoritariamente rodoviário, a carência de ferrovias e hidrovias, e a dificuldade de acesso aos portos, especialmente na metade norte do país, comprometem o escoamento eficiente e as exportações.
A CNA aponta que, das 286,5 milhões de toneladas de soja e milho produzidas em 2023, 197 milhões de toneladas provêm da região norte do paralelo 16°S. No entanto, apenas 61,7 milhões de toneladas são exportadas pelos portos do Arco Norte, enquanto 119,7 milhões de toneladas são exportadas pelos portos do sul. O modal rodoviário, a falta de infraestrutura aquaviária e a escassez de ferrovias comprometem a eficiência logística.
A audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura discutiu os desafios enfrentados no escoamento da safra brasileira. O senador Jaime Bagattoli alertou sobre a possibilidade de colapso em 10 anos, se medidas adequadas não forem adotadas. O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Alber Vasconcelos, enfatizou que não há gargalo logístico nos portos e destacou os investimentos privados nos portos privados do Arco Norte.
Em relação aos problemas das rodovias, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Fabricio Galvão, destacou melhorias significativas nas rodovias brasileiras, especialmente no Arco Norte, com investimentos previstos de R$ 4,7 bilhões em 2024. Contudo, desafios persistem, como a necessidade de investir em infraestrutura aquaviária, desenvolver trechos de hidrovias e aprimorar o modal ferroviário para garantir o escoamento eficiente da produção agrícola brasileira.