A combinação das forças do El Niño e da La Niña teve impacto negativo na produção de soja na América Latina, enquanto os agricultores de grãos da Ucrânia e da Rússia sofreram com os efeitos da guerra. Além disso, a proibição da Indonésia de exportar óleo de palma para a Europa e a crescente demanda da China por colheitas agravaram a situação. Enquanto isso, a região do Mediterrâneo está enfrentando um aumento na desertificação.
“Escassez de alimentos na Europa? A questão não é se, mas quando”, expressou uma voz não identificada em um vídeo transmitido, enquanto a audiência ouvia em silêncio.
Embora os eventos dramáticos mencionados ainda não tenham ocorrido, cerca de 60 funcionários da União Europeia, representantes do governo, especialistas em segurança alimentar, membros da indústria e alguns jornalistas se reuniram em Bruxelas no mês passado para considerar a possibilidade de uma crise alimentar completa, algo que mal estava no radar há alguns anos.
Durante dois dias de simulação no centro de Bruxelas, o grupo se reuniu para desenvolver políticas de prevenção e resposta diante de uma possível crise. Enquanto isso, agricultores protestavam contra a UE, interrompendo o fornecimento de supermercados para chamar a atenção dos participantes.
Apesar do ambiente luxuoso do espaço de trabalho colaborativo, as imagens de vídeo mostrando secas, inundações e agitação civil criaram um senso de urgência.
O crescente alarme entre os governos sobre a segurança alimentar levou à realização desses exercícios, à medida que vários eventos, como a pandemia de coronavírus, a guerra na Ucrânia e as interrupções nas rotas de navegação, perturbaram as cadeias de suprimentos e elevaram os preços dos alimentos. Além disso, as condições climáticas extremas afetam regularmente a agricultura.
A incerteza não está mais em saber se haverá uma crise alimentar, mas quantas crises poderão ser enfrentadas simultaneamente. Os preços dos alimentos para ração animal estão sendo impactados, afetando a produção de gado e peixes. Algumas embarcações estão desviando das rotas europeias para atender a demandas mais lucrativas em outros lugares.
As restrições às exportações de óleo de palma da Ásia estão reduzindo o suprimento de produtos básicos na Europa, desde margarina até pão, alimentando a disseminação de alegações de ganância corporativa e teorias da conspiração.
Profissionais do setor estão reconhecendo a urgência da situação, e exercícios como esses estão se tornando mais comuns para preparar políticas de resposta e prevenção. Entretanto, há ainda muito a ser feito para lidar com as vulnerabilidades e garantir a segurança alimentar a longo prazo na Europa e em outras regiões.