A Marinha da Índia conduziu a evacuação dos 20 tripulantes de um navio atingido no Mar Vermelho nesta quinta-feira (7). O ataque dos Houthis resultou na morte de três marinheiros, marcando as primeiras vítimas civis da campanha do grupo iemenita contra a principal rota marítima.
Os militantes, alinhados ao Irã, lançaram um míssil contra o True Confidence, de bandeira de Barbados e operado pela Grécia, na quarta-feira (6), cerca de 50 milhas náuticas ao largo do porto de Aden, no sul do Iêmen, incendiando a embarcação.
Em um comunicado, os proprietários e gestores do navio informaram que os 20 tripulantes e três guardas armados a bordo foram levados para o hospital em Djibouti, no Corno de África, por um navio de guerra indiano.
Dois dos falecidos eram cidadãos filipinos, enquanto o terceiro era vietnamita, afirmaram os proprietários e gestores, expressando condolências às famílias. Dois outros filipinos ficaram gravemente feridos.
O Vietnã condenou o ataque na quinta-feira (7) e relatou que um dos tripulantes vietnamitas faleceu, enquanto os três restantes estavam em boa saúde.
Imagens divulgadas pela Marinha indiana mostraram um helicóptero resgatando tripulantes de um bote salva-vidas em meio a mar agitado e levando-os para um navio da marinha. Alguns feridos foram vistos sendo transferidos para o navio em macas.
“A embarcação está se afastando da costa e estão sendo tomadas medidas de salvamento”, afirmaram as empresas em comunicado. Um contrato de salvamento foi assinado, disse um porta-voz, sem fornecer mais detalhes por questões de segurança.
Os Houthis têm realizado uma série de ataques a navios na movimentada rota marítima desde novembro, alegando solidariedade com os palestinos durante o conflito entre Israel e o Hamas em Gaza.
“A perda de vidas e os ferimentos aos marinheiros civis são totalmente inaceitáveis”, declararam as principais associações marítimas globais na quinta-feira.
“A frequência dos ataques à navegação mercante destaca a necessidade urgente de todas as partes interessadas tomarem medidas decisivas para salvaguardar as vidas dos marinheiros civis inocentes e pôr fim a tais ameaças”.
O custo do seguro para uma viagem de sete dias pelo Mar Vermelho, aumentou centenas de milhares de dólares desde novembro.
As taxas de seguro contra riscos de guerra já refletiram o naufrágio do navio de carga Rubymar, dias depois de ter sido atingido por um míssil Houthis em 18 de fevereiro, e as primeiras fatalidades do True Confidence, disse Munro Anderson, chefe de operações do especialista em seguros e riscos de guerra marítima Vessel Protect, parte do Pen Underwriting.
“Portanto, o grau em que eles criam qualquer pressão ascendente adicional provavelmente será limitado no curto prazo”, afirmou.
“Isso, no entanto, depende de como os eventos evoluem deste ponto em diante.”
BEM-ESTAR DOS MARINHEIROS
Os Houthis têm usado uma série de armas sofisticadas, incluindo mísseis balísticos e “drones kamikaze”, apesar dos ataques retaliatórios liderados pelos EUA e pelo Reino Unido em suas bases no Iêmen, com o objetivo de prejudicar sua capacidade de ataque.
Stephen Cotton, secretário-geral da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF), o principal sindicato dos marítimos, também pediu uma melhor proteção.
“Nenhuma janela de entrega compensa a perda de vidas de marinheiros”, disse ele. “Apelamos à indústria para desviar os navios ao redor do Cabo da Boa Esperança até que o trânsito seguro através do Mar Vermelho possa ser garantido”.
Cerca de 23 mil navios passam anualmente pelo Estreito de Bab al-Mandab, que liga o Mar Vermelho e o Golfo de Aden ao Canal de Suez, representando cerca de 12% do comércio global.
Fazer o percurso mais longo em torno do Cabo da Boa Esperança, na África Austral, acrescenta cerca de 10 dias à viagem, atrasando as cadeias de abastecimento e aumentando os custos.
O True Confidence estava navegando da China para Jeddah e Aqaba com uma carga de produtos siderúrgicos e caminhões.
O navio é propriedade da True Confidence Shipping SA, registrada na Libéria, e operado pela Third January Maritime, com sede na Grécia. Não há conexão atual com nenhuma entidade dos EUA, disseram as empresas.