Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Quaest, revelou que 74% dos cidadãos brasileiros acreditam que o Supremo Tribunal Federal (STF) está contribuindo para a disseminação da corrupção, ao anular punições impostas a empresas durante a Operação Lava Jato. A equipe da Polícia Federal (PF) encarregada da operação completará uma década em breve, no dia 17, em meio a uma série de decisões por parte dos ministros do STF que revisam o desenrolar da operação, suspendem penalidades de acordos de leniência firmados com empresas, questionam evidências e invalidam condenações.
A pesquisa, conduzida pela empresa Quaest em nome da Genial Investimentos, indagou os participantes sobre suas percepções em relação à Lava Jato. Ao questionar se o STF está fomentando a corrupção ao anular as penalidades, 74% dos entrevistados responderam afirmativamente, enquanto 14% discordaram e 12% não responderam ou não souberam opinar.
Entre os entrevistados, a percepção de que o STF está incentivando a corrupção é mais predominante entre os homens (79%) do que entre as mulheres (70%). Além disso, é mais expressiva entre os eleitores que votaram em Jair Bolsonaro em 2022 (85%), do que entre os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (68%).
Analisando exclusivamente os eleitores que afirmaram ter votado nulo em 2022, 70% deles consideram que o STF está promovendo a corrupção ao reverter as decisões relacionadas à Lava Jato.
A desaprovação em relação às decisões do STF ultrapassa até mesmo a porcentagem de entrevistados que acreditam que a Lava Jato contribuiu para o combate à corrupção no país, que é de 49%.
Em fevereiro, o ministro Dias Toffoli, do STF, suspendeu o pagamento das multas decorrentes do acordo de leniência da antiga Odebrecht (agora Novonor) com o Ministério Público Federal (MPF), no contexto da Operação Lava Jato.
Toffoli também tomou uma decisão semelhante em benefício da J&F. Outros réus da Operação Lava Jato também foram beneficiados por decisões do ministro, como o ex-governador do Paraná Beto Richa, o ex-senador de Alagoas Fernando Collor e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. O próprio presidente Lula também se beneficiou de decisões do STF, que anulou suas condenações no âmbito da operação em 2021, abrindo caminho para sua candidatura nas eleições de 2022.
A pesquisa Genial/Quaest entrevistou pessoalmente 2 mil indivíduos entre os dias 25 e 27 de fevereiro deste ano. De acordo com a empresa, a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. Dentro do grupo entrevistado, 15% acompanhavam de perto as notícias relacionadas à Lava Jato, 29% acompanhavam um pouco, 28% ouviam falar, mas não acompanhavam ativamente, e 28% nunca acompanharam nada.