Três dos alvos da Operação Salus da Polícia Federal, que investiga desvios na Saúde de Maricá, foram nomeados para seus cargos pelo vice-presidente do PT, Washington Quaquá. O município é governado pelo PT há 15 anos, sendo oito desses anos sob o comando de Quaquá e os sete anos restantes pelo atual prefeito, Fabiano Horta.
Entre os alvos da operação, que incluiu busca e apreensão e afastamento de funções públicas, estão Solange Regina de Oliveira, secretária municipal de Saúde, Simone da Costa Massa, diretora do Hospital Che Guevara, e Marcelo Costa Velho Mendes de Azevedo, membro e presidente da Comissão de Avaliação de Desempenho (CAD) do município. Segundo fontes ligadas à investigação, todos foram indicados por Quaquá.
Além de ter influenciado na eleição de Fabiano Horta como prefeito de Maricá, Quaquá também teve seu filho, Diego Zeidan, como vice-prefeito na gestão de Horta. Diego, filho de Quaquá com a deputada estadual petista Zeidan, licenciou-se do cargo para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário do Rio.
Vice-presidente do PT e vice-líder do partido na Câmara dos Deputados, Quaquá planeja concorrer novamente em Maricá, buscando seu terceiro mandato no município.
A investigação da Polícia Federal aponta para desvios que ultrapassam os R$ 70 milhões em recursos públicos destinados à saúde.
A operação teve início a partir de um relatório de auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RJ), realizado na Secretaria Municipal de Saúde de Maricá entre agosto e dezembro de 2022. O relatório levantou indícios de crimes na execução de um contrato de gestão com o Instituto Gnosis, uma organização social de saúde (OSS), vigente de fevereiro de 2020 a 2024.
Em resposta à coluna, a Prefeitura de Maricá negou os desvios e afirmou que prestará todos os esclarecimentos solicitados pela Justiça, além de cumprir todas as determinações judiciais, incluindo os afastamentos.
Quaquá não respondeu aos contatos da coluna quando procurado.