Apesar da agricultura representar cerca de 1,6% do PIB francês, o governo de Paris sentiu a pressão e cedeu a várias demandas do setor em meio a protestos, inclusive a paralisação do acordo comercial com o Mercosul. O Salão da Agricultura, tradicional feira internacional sediada em Paris, normalmente é uma oportunidade para os políticos demonstrarem proximidade com o setor agrícola. No entanto, as recentes concessões do governo aos produtores podem não ser suficientes para acalmar a insatisfação, conforme evidenciado pela recepção hostil ao presidente Emmanuel Macron durante o evento.
A influência dos agricultores franceses parece desproporcional ao seu peso econômico, como destaca Faustine Bas-Defossez, do European Environmental Bureau. Enquanto outras manifestações foram reprimidas com violência, os fazendeiros conseguiram manter suas demandas em pauta sem grande intervenção policial. Essa influência política é amplificada pela representação de fazendeiros em cargos públicos locais e pela cooperação estreita entre o governo e a FNSEA, principal associação agrícola do país.
O governo atendeu rapidamente às demandas dos fazendeiros, inclusive rejeitando partes do acordo com o Mercosul e flexibilizando regras ambientais. Essa resposta destaca a importância estratégica do setor agrícola, especialmente em tempos de pandemia e tensões geopolíticas. No entanto, críticos alertam para a necessidade de uma abordagem mais sustentável, que equilibre as demandas econômicas com a proteção ambiental e a segurança alimentar a longo prazo.