Independentemente da orientação religiosa, as coisas se tornam mais simples quando, por razões misteriosas, acredita-se em um propósito superior, além da compreensão humana e do instinto animal imediato. Alcançar esse estado é o verdadeiro desafio, e mesmo quando alcançado, a verdadeira prova ocorre durante situações de desgaste extremo. Sair do outro lado, ferido, sangrando e coxo, mas ainda assim vitorioso, é a confirmação de que se é capaz de enfrentar a tempestade quando a bonança se anuncia.
“Milagres do Paraíso” faz parte da categoria de filmes com temática cristã, ganhando destaque desde “O Impossível” (2012) dirigido por J.A. Bayona. Este filme se destaca por abordar um tema delicado de maneira franca e séria, apesar dos excessos evidentes no roteiro de Christy Wilson Beam e Randy Brown. O trabalho de Patricia Riggen, diretora mexicana, exemplifica como lidar com um assunto complexo de maneira simples, mas com seriedade, apesar das falhas no roteiro. Riggen cria um mosaico envolvente ao combinar uma narrativa emocionante com atuações notáveis, evitando o melodrama.
Christy e Kevin Beam vivem em harmonia com suas três filhas em uma casa acolhedora no Texas. Apesar de enfrentarem dificuldades financeiras, mantêm sua fé enquanto tentam prosperar na clínica veterinária que abriram. O filme explora a fé de Christy quando sua filha Annabel é diagnosticada com uma doença rara no aparelho digestivo, desafiando suas crenças no poder divino de cura.
Jennifer Garner e Martin Henderson demonstram uma química crescente, mantendo a coesão da família mesmo diante da tragédia iminente. O filme destaca a luta de uma mãe pela saúde de sua filha, incorporando elementos fantasiosos do livro de Christy Beam. A interpretação marcante de Kylie Rogers evita que o filme caia no fundamentalismo, e uma cena na igreja enfatiza a ideia de que não escolhemos a Deus, mas sim Ele nos escolhe. A decisão de se submeter ou não a essa escolha é o cerne da narrativa.