O líder do governo petista no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), manifestou publicamente sua discordância com a declaração antissemita feita pelo presidente Lula contra o Estado de Israel no domingo (18), ao equiparar a guerra em Gaza, conduzida pelo país de maioria judaica contra os terroristas do Hamas, à atrocidade do nazismo de Adolf Hitler, que resultou na morte de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Como judeu, o senador baiano ressaltou, durante a sessão de ontem (20), sua longa filiação ao PT e sua amizade duradoura com Lula, porém não deixou de expressar sua consternação com a referência ao Holocausto feita pelo presidente.
Ao fazer uso da palavra, Jaques Wagner revelou ter manifestado pessoalmente sua discordância a Lula durante uma visita: “Não discordo de uma só palavra do que Vossa Excelência disse, exceto pelo final, que em minha opinião não deveria envolver o Holocausto em nenhuma comparação. Isso fere sentimentos, inclusive os meus, de familiares que foram vítimas daquela tragédia, que foi uma máquina de extermínio, com câmaras de gás”, declarou o senador.
Durante a mesma sessão, o líder de Lula no Senado concordou com a posição do presidente da casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de solicitar uma retratação de Lula. No entanto, ele também levantou questionamentos sobre a morte de aproximadamente 30 mil palestinos pelas mãos do governo de Benjanin Netanyahu em resposta à invasão de Israel, em 7 de outubro de 2023, por terroristas do Hamas, que resultou na morte de cerca de 1,4 mil civis durante o ataque surpresa.
“E o que está acontecendo? Uma limpeza étnica? Não sei, porque o norte de Gaza já está completamente asfaltado. Os prédios, edifícios, todos já foram derrubados, nivelados com asfalto. […] Concordo com Vossa Excelência [Pacheco] e expresso isso aqui, pois já comuniquei isso a quem de direito, porque a comparação não é apropriada – a comparação não é apropriada -, mas condenar a morte de civis, incluindo crianças, homens e mulheres na Faixa de Gaza é um absurdo sob o pretexto de caçar o Hamas”, concluiu o senador petista.