O governo venezuelano, que tem como regime, segundo o presidente Lula da Silva, uma democracia relativa, anunciou na quinta-feira (15), a suspensão das operações do escritório local da ONU para direitos humanos e ordenou que seu pessoal deixasse o país em 72 horas, alegando que o escritório estava promovendo a oposição ao governo venezuelano.
O ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, comunicou a decisão durante uma entrevista coletiva em Caracas. A medida veio logo após a detenção da advogada de direitos humanos Rocio San Miguel, gerando críticas tanto internas quanto externas.
Gil acusou o escritório, conhecido como Gabinete de Assessoria Técnica do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, de servir de plataforma para a comunidade internacional difamar a Venezuela.
Não está claro se o governo venezuelano comunicou diretamente a ordem de encerramento do escritório à ONU.
San Miguel foi detida na sexta-feira (9), no aeroporto de Caracas enquanto aguardava um voo para Miami, junto com sua filha. As autoridades só confirmaram a detenção no domingo, e até quarta-feira (24) seu advogado não havia sido autorizado a encontrá-la.
O procurador-geral Tarek William Saab, informou no início da semana que, San Miguel estava detida na prisão Helicoide, conhecida por abrigar presos políticos.
Após a prisão de San Miguel, sua filha, ex-marido, dois irmãos e ex-companheiro também foram detidos. Até o momento, apenas o ex-companheiro permanece sob custódia.