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sexta-feira, 4 outubro, 2024
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Crise no campo europeu: Alarme dispara com chegada maciça de produtos da América Latina

Por Alexandre G.

O agronegócio do Sul Global tem desempenhado um papel significativo nos protestos que eclodiram na Europa. A questão sobre se os acordos de livre-comércio podem favorecer a concorrência desleal, é pertinente. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, também há preocupações semelhantes.

Os agricultores europeus têm se mobilizado em massa, bloqueando estradas em várias cidades do continente como forma de protesto contra os acordos comerciais da União Europeia. Estes acordos, embora exijam elevados padrões sociais e ambientais, permitem a entrada de alimentos produzidos em países que não seguem esses padrões e, portanto, podem ser vendidos a preços mais baixos. O cerne da questão não reside apenas na soja sul-americana, tão necessária para a pecuária europeia, mas sim na carne bovina da Argentina, no frango do Brasil, nos morangos do Peru e nos mirtilos do Chile.

Valdis Dombrovskis, comissário europeu de Economia e Comércio, defendeu os acordos comerciais como uma oportunidade para impulsionar as exportações. No entanto, os agricultores temem a competição desleal, especialmente de produtos provenientes da América Latina.

Um estudo de impacto realizado pela Comissão Europeia em outubro de 2023, revelou que o setor agrícola e alimentar se beneficiou dos acordos com os países andinos, como Colômbia, Peru e Equador, em vigor desde 2012. Da mesma forma, o acordo com os países da América Central, em vigor desde 2013, resultou em um aumento significativo nas importações europeias, principalmente de frutas, verduras e açúcar.

Anna Cavazzini, presidente da Comissão do Mercado Interno e da Proteção do Consumidor do Parlamento Europeu, e eurodeputada pela Alemanha, observa que a iminente conclusão do acordo com os países do Mercosul, desencadeou uma onda de protestos. Ela ressalta que os acordos comerciais da UE têm gerado problemas tanto para os agricultores europeus quanto para os da América Latina, destacando a disparidade nos padrões de regulamentação e a desvantagem estrutural imposta aos agricultores do Sul Global.

Luciana Ghiotto, pesquisadora do Conicet da Argentina, destaca a incoerência e o duplo padrão da UE, que exige maior sustentabilidade na produção dos agricultores europeus, enquanto aceita a importação de produtos com padrões mínimos ou inexistentes de sustentabilidade.

Em relação ao acordo com o Mercosul, Dombrovskis não o considera morto, apesar dos protestos e da oposição da França. Ele assegura que a importação de ovos só será permitida se forem respeitadas as diretrizes de saúde animal.

Cavazzini enfatiza que não se trata de um único acordo comercial, mas de vários, os quais afetam a competitividade dos produtores europeus. Ela aponta para a hipocrisia das associações de agricultores europeus, que, embora se oponham à importação de carne bovina do Mercosul, desejam exportar seu leite em pó.

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