A presidente da Hungria renunciou após uma onda de indignação desencadeada pelo perdão concedido a um homem condenado por abuso sexual de menores.
Katalin Novak, enfrentando uma crescente pressão nos últimos dias, anunciou sua demissão em um discurso televisionado no sábado. Ela reconheceu que sua decisão de perdoar um homem condenado por encobrir crimes de abuso sexual infantil gerou perplexidade e preocupação. Novak, de 46 anos, vinha ocupando o cargo de presidente desde 2022.
A renúncia de Novak marca um momento de grande controvérsia para o partido Fidesz, de orientação nacionalista e com uma liderança de longa data, incluindo o primeiro-ministro Viktor Orbán. O partido, acusado de minar instituições democráticas e controlar a mídia, enfrenta agora um escândalo político sem precedentes.
Novak, a primeira mulher presidente na história da Hungria, tem sido uma aliada próxima de Orbán e defensora dos valores tradicionais da família e da proteção infantil. No entanto, sua decisão de conceder perdão desencadeou uma crise que está abalando as estruturas do governo.
Agora, os principais partidos de oposição convocaram eleições presidenciais, buscando dar voz ao povo e afastar o controle de Orbán sobre a seleção do próximo presidente. Protestos já ocorreram em Budapeste, exigindo a renúncia de Novak.
O homem perdoado por Novak foi condenado a mais de três anos de prisão em 2018 por coagir vítimas a retractarem suas acusações de abuso sexual em um centro de cuidados infantis administrado pelo Estado. Este perdão foi concedido antes da visita do Papa Francisco à Hungria em abril de 2023.
Além de Novak, Judit Varga, outra figura proeminente do Fidesz, também estava envolvida no perdão, endossando-o enquanto Ministra da Justiça da Hungria. Varga, que também tinha aspirações políticas, renunciou aos seus cargos parlamentares após o escândalo.
