Na quinta-feira, durante uma conferência de imprensa em Bruxelas, Peter Stano, porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, afirmou que atualmente não há discussões nos órgãos relevantes da União Europeia relacionadas a um indivíduo norte-americano em Moscovo.
Stano destacou que o bloco poderá incluir na lista de sancionados, aqueles que são identificados como ‘propagandistas’, com um histórico contínuo de manipulação de informações para minar a soberania e integridade territorial da Ucrânia, desde que o processo formal seja seguido.
Essa declaração veio após uma série de comentários virais na Internet na quarta-feira, alegando que a UE estava considerando proibir a entrada de Tucker Carlson, ex-jornalista da Fox News, após o Kremlin confirmar sua entrevista com o presidente Vladimir Putin. Esta é a primeira entrevista de Putin a um repórter ocidental desde o início da guerra contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.
As alegações foram divulgadas pela revista americana Newsweek, citando comentários de um atual membro do Parlamento Europeu, Guy Verhofstadt, da Bélgica, e um ex-membro, Luis Garicano, da Espanha. Ambos instaram os Estados-membros da UE a considerarem sanções contra Carlson, acusando-o de ser um ‘porta-voz’ e ‘propagandista’ do regime de Putin.
Verhofstadt sugeriu esta semana, em uma rede social, que se Carlson estiver ‘permitindo desinformação para Putin’, a UE deveria ‘explorar’ a proibição de viagens. Embora os comentários dos eurodeputados não tenham autoridade para propor ou aprovar sanções, foram amplificados pelo proprietário da rede social, Elon Musk, que os descreveu como ‘perturbadores’ e como uma medida que ‘ofenderia grandemente o público americano’. O post de Musk recebeu mais de 25 milhões de visualizações.
Em resposta à afirmação de Elon Musk de que as medidas da UE contra Carlson ‘ofenderiam’ o público dos EUA, Verhofstadt compartilhou uma foto do repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, em um julgamento em Moscovo, afirmando que ‘é assim que um verdadeiro jornalista aparece na Rússia’.
As discussões sobre as sanções são altamente confidenciais e envolvem negociações entre a Comissão Europeia e os governos dos 27 países, até que uma lista final seja acordada. Nos últimos dois anos, desde a invasão da Ucrânia, o bloco impôs doze rondas de sanções à Rússia, incluindo proibições de viagens e congelamento de ativos para quase dois mil indivíduos e entidades, incluindo bancos, partidos políticos e organizações de mídia.
Stano enfatizou que a manipulação de informações do Kremlin e de outros atores estatais e não estatais, é direcionada à UE, e que jornalistas e meios de comunicação, podem ser alvo de sanções propostas pelos governos, desde que apoiadas por evidências e com o apoio unânime dos 27 Estados-membros.
Por fim, é esperado que a entrevista de Carlson com Putin, seja transmitida nesta quinta-feira (08/02).