“Gabriel Attal, na sombra de Emmanuel Macron”, é a manchete do jornal Le Figaro que critica a falta de “ousadia” do primeiro-ministro “que visa mais a continuidade do que a ruptura”, avalia. Apelos repetidos à liberdade, insistência no “eu assumo” – um termo popularizado pelo “macronismo” – sob “um tom liberal” e a “exigência de autoridade”, afirmações feitas em um “ritmo de metralhadora”, descreve o conservador Le Figaro. Em menos de uma hora e meia, Attal “engoliu 56 páginas de discurso”, contabiliza o diário.
Diante da revolta dos agricultores, Attal se comprometeu a “rearmar” o setor, com medidas de urgência que não convenceram a categoria, publica o jornal econômico Les Echos. Entre as várias promessas, consideradas “vagas”, o primeiro-ministro prevê desbloquear ajudas, socorrer a área da viticultura – castigada pelas condições climáticas atípicas – e colocar em prática um plano para garantir uma concorrência justa. No entanto, nenhuma das medidas parece ter seduzido os manifestantes, que continuam os protestos.
Attal à direita “Uma declaração de política liberal”, avalia o jornal Libération, afirmando que, com o plano apresentado, o primeiro-ministro se posiciona claramente à direita. Supressão de uma ajuda aos desempregados, penas a menores delinquentes, uniformes nas escolas, com expressões exageradas “que suscitaram vaias da esquerda na Assembleia”, diz o diário progressista. “O discurso mais reacionário em um século”, avalia o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon.
“O mais difícil está por vir”, publica o jornal Le Parisien, ressaltando que “muitos franceses duvidam da capacidade de políticas que respondam às expectativas”. Em editorial, o diário critica a ausência de medidas do primeiro-ministro para questões-chave do momento, como valorização do trabalho, relaxamento das regras para a moradia social, imigração, educação e ecologia.
Em um momento em que os efeitos das mudanças climáticas são considerados irreversíveis, o plano ecológico de Attal se resume na criação de um serviço cívico que terá a participação de 50 mil jovens. O anúncio não passou despercebido entre os ambientalistas. “Como ele pensa que isso poderá transformar setores inteiros da nossa economia?”, questiona Anne Bringault, da rede Ação Clima, em entrevista ao Le Parisien.