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terça-feira, 24 dezembro, 2024
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O Gabinete Petista da Desinformação, por O Estadão

Por Alexandre Gomes

Em uma ação claramente orquestrada, o governo petista tem alegado que o Brasil está sendo alvo de um “ataque especulativo” por parte de inimigos do país e de Lula, uma estratégia para desviar a atenção das falhas internas.

Impedido de reconhecer as causas reais da crise de confiança no Brasil e tomar as medidas necessárias para diminuir as incertezas fiscais, o governo de Lula recorreu a uma tática comum ao seu grupo político para explicar a disparada do dólar e as turbulências financeiras. De forma coordenada, com liderança do Palácio do Planalto, espalhou-se a narrativa de que as dificuldades econômicas seriam fruto de um ataque especulativo à moeda, ao governo e ao país. De acordo com essa versão, apoiada por porta-vozes do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT), a alta do dólar, que só cedeu após intervenção do Banco Central com bilhões de dólares, seria resultado de uma conspiração internacional. Os especuladores, ligados à “Faria Lima”, estariam agindo para prejudicar Lula e, consequentemente, o povo brasileiro.

Entretanto, essa teoria não se sustenta, como afirmou Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central e nome indicado por Lula para suceder Roberto Campos Neto. Galípolo refutou a ideia de um ataque especulativo coordenado, lembrando que o mercado não é monolítico, mas composto por compradores e vendedores com interesses distintos. Para ele, a noção de uma ação organizada contra o Brasil não faz sentido. Contudo, Lula e seus aliados não compartilham dessa visão. Apesar da clareza nas declarações de Galípolo, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reiterou a retórica persecutória, seguida por figuras como o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito contra a “Faria Lima”, além de Jaques Wagner (PT-BA), José Guimarães (PT-CE) e Ricardo Cappelli, presidente da ABDI.

Ficou evidente que a estratégia não nasceu apenas dentro do PT, mas também do Palácio do Planalto. Isso ficou claro quando o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, utilizou as redes sociais no dia 18 de dezembro para espalhar a tese do “ataque especulativo”, tratando-o como um “crime de lesa-pátria”. Pimenta acusou a “indústria das fake news” de atacar novamente o Brasil e afirmou que o governo estava tomando medidas para identificar os responsáveis pelas mentiras atribuídas a Galípolo. Segundo ele, essas informações falsas espalhadas pela internet, e não as falhas do governo no campo fiscal, seriam as responsáveis pelas flutuações no câmbio. Este é o mais puro estilo lulopetista.

O Brasil ainda se recorda do chamado “gabinete do ódio” durante o governo Bolsonaro, uma estrutura de comunicação que espalhava mentiras e atacava opositores na internet. Embora o “gabinete do ódio” tenha sido eficiente em sua tarefa, ele foi apenas um aprendiz dos “blogs sujos” dos primeiros governos petistas, que recebiam generosos recursos públicos para atacar adversários do partido. Os petistas, portanto, são mestres na arte de destruir reputações e inventar conspirações, sempre prontos para agir quando a pressão aumenta, algo que acontece com frequência.

Os atuais ocupantes do Palácio do Planalto, portanto, estão agindo como se esperava: contaminam o debate público com teorias paranoicas que desviam a atenção dos problemas reais do país, promovendo conspirações e apontando inimigos ocultos, sem resolver as questões que realmente importam. Esse é o comportamento típico de governos populistas e autoritários.

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