Presidente argentino reafirma ideais anarcocapitalistas e defende reformas para tornar o país “o mais livre do mundo”
O presidente da Argentina, Javier Milei, reafirmou em entrevista ao The Wall Street Journal na última quarta-feira (18) sua visão de que o Estado é “uma organização criminosa” financiada por impostos que ninguém paga voluntariamente. “O Estado é o inimigo, eu continuo sendo um anarcocapitalista”, declarou Milei, que foi eleito em 2023 com uma plataforma de reformas econômicas radicais.
Desde que assumiu o cargo, Milei implementou medidas de choque, incluindo uma desvalorização de 50% do peso argentino e o fim de controles de preços em alimentos. Essas ações, segundo ele, estabilizaram a inflação e resultaram em um raro superávit fiscal nos primeiros 11 meses de 2024. “A regra é que não haverá mais déficits na Argentina”, enfatizou, destacando que o equilíbrio orçamentário é inegociável e permitirá cortes de impostos no futuro.
Apesar de dúvidas sobre a sustentabilidade dessas políticas, especialmente em ano eleitoral, Milei prometeu continuar reduzindo os gastos públicos e busca ampliar o apoio de sua base política nas eleições legislativas de outubro. “Não tenham dúvidas”, afirmou, “não vou parar.”
Com a economia mostrando sinais de recuperação — como o crescimento de 3,9% no terceiro trimestre de 2024 — Milei projeta que a Argentina pode retornar ao mercado financeiro internacional em 2026. “Estamos fazendo tudo para que isso aconteça”, disse.
Embora tenha inicialmente prometido romper laços com a China, Milei agora classifica as relações com Pequim como “excelentes” e planeja visitar o presidente Xi Jinping. “A China é um parceiro comercial que não impõe condições”, comentou. Além disso, ele se mostrou aberto a negociar acordos de livre-comércio globalmente: “Todos os acordos de livre-comércio que pudermos fazer, nós faremos.”
Direita internacional
Apelidado de El Loco (O Louco), Milei se tornou uma figura central na direita global ascendente, recebendo elogios de líderes como Donald Trump e Elon Musk. Ele descreveu Musk como “um Thomas Edison ou Leonardo da Vinci moderno” e destacou encontros com o bilionário em abril e em novembro. No entanto, Milei afirmou que não é seu papel dizer onde Musk deve investir, mesmo com a Argentina sendo um dos maiores depósitos mundiais de lítio.
Milei acredita que as melhorias econômicas fortalecerão sua base de apoio no Congresso, onde seu partido La Libertad Avanza detém cerca de 15% das cadeiras na Câmara dos Deputados e menos de 10% no Senado. Seu objetivo, segundo ele, é transformar a Argentina “no país mais livre do mundo”.
Por fim, Milei reiterou seu compromisso ideológico e econômico: “Eu continuo acreditando que o Estado é uma organização criminosa e não vou parar de buscar a liberdade total para a Argentina.”