O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou publicamente pela primeira vez sobre a prisão do general Walter Braga Netto, ocorrida no último sábado (14), em operação da Polícia Federal. Bolsonaro questionou os fundamentos da detenção, destacando o que considera inconsistências no caso.
“Como alguém pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, afirmou Bolsonaro nas redes sociais, referindo-se à acusação de que Braga Netto teria tentado interferir nas investigações sobre uma suposta trama golpista, baseada em informações da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
A defesa de Braga Netto
A defesa do general afirma que ele não buscou influenciar qualquer investigação e que tem meios para comprovar isso. Contudo, os advogados aguardam acesso ao relatório completo da Polícia Federal para se manifestar oficialmente. Braga Netto, atualmente sob custódia do Exército no Comando Militar do Leste, negou veementemente as acusações, classificando-as como infundadas.
“É inadmissível que alguém seja preso sem provas concretas”, declarou Bolsonaro, endossando a tese da defesa de que a prisão é baseada em “presunções” e não em evidências robustas.
As alegações da Polícia Federal
De acordo com o relatório da PF, Braga Netto teria tentado obter informações sigilosas sobre a delação premiada de Mauro Cid por meio dos pais do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O documento aponta trocas de mensagens entre outros investigados, como o general Mario Fernandes, que relatou que os pais de Mauro Cid negaram o conteúdo da delação em contato com Braga Netto e o ex-ministro Augusto Heleno.
“O pai e a mãe dele ligaram para o Braga Netto e para o Augusto Heleno, informando que é tudo mentira!”, diz uma das mensagens enviadas por Mario Fernandes ao coronel reformado Jorge Luiz Kormann.
Repercussões políticas
A prisão de Braga Netto gerou forte reação no meio político, especialmente entre aliados do ex-presidente e críticos do Supremo Tribunal Federal (STF). Parlamentares acusaram o ministro Alexandre de Moraes de abusar de sua autoridade ao autorizar a prisão.
Bolsonaro reiterou críticas ao que chamou de “judicialização da política” e “perseguição a opositores”. Ele reforçou sua preocupação com o que considera uma escalada autoritária: “Isso não é Justiça, é perseguição política”.