O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou à Polícia Federal (PF) a abertura de investigação sobre indícios de fraude em uma licitação de R$ 197 milhões realizada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). O caso foi revelado pelo site O Antagonista, que noticiou o vazamento antecipado das vencedoras do processo, mesmo antes do resultado oficial.
Denúncia e indícios de vazamento
No início do ano, a licitação visava contratar quatro empresas para criar campanhas de combate a fake news. As agências vencedoras — Moringa, BRMais, Área Comunicação e Usina Digital — foram anunciadas de forma cifrada em uma publicação no X (antigo Twitter) durante o período de sigilo das propostas. A mensagem, feita por um jornalista, levantou suspeitas de que as informações foram vazadas.
Segundo técnicos do TCU, é improvável que o jornalista tenha acertado “por mera sorte ou adivinhação”. O parecer técnico, obtido por O Antagonista, aponta “robustos indícios de que houve o vazamento do sigilo das propostas técnicas” e reforça a necessidade de investigação.
As agências selecionadas possuem histórico de proximidade com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que gerou críticas de parlamentares oposicionistas e representantes do mercado. Eles questionam a transparência e a lisura do processo, já revogado pela Secom, mas que pode ser retomado.
Reação política e investigação
A recomendação do TCU ocorre após representações de deputados e senadores contrários à licitação, que classificaram o caso como um exemplo de favorecimento político. O Antagonista foi o primeiro a denunciar o episódio e divulgou o parecer técnico que embasa a solicitação do TCU para que a PF apure o ocorrido.
O caso expõe falhas graves de gestão na Secom, além de reforçar críticas sobre a condução de processos licitatórios em setores sensíveis do governo. A investigação da PF será determinante para esclarecer se houve direcionamento ou má-fé, bem como para responsabilizar possíveis envolvidos.