As investigações sobre o incêndio ocorrido no avião da Total Cargo no Aeroporto de Guarulhos, em novembro, revelam possíveis irregularidades envolvendo os Correios e seu presidente, Fabiano da Silva Santos. A coluna obteve documentos indicando que Fabiano autorizou o transporte aéreo de baterias de lítio — classificado como carga perigosa e proibido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde 2016. Três dias após o incidente, a autorização foi revogada.
A polêmica decisão
Apesar da proibição expressa da Anac, Fabiano assinou despachos liberando o transporte de baterias de lítio, além de prorrogar essa permissão. Os documentos que embasam a decisão foram obtidos pela reportagem e indicam que a revogação só ocorreu após o acidente.
A Anac esclareceu que os Correios estão autorizados a transportar malas postais sigilosas, mas que está investigando se houve descumprimento das normas de segurança. O transporte de baterias de lítio é especialmente restrito devido ao alto risco de combustão, que pode causar incidentes graves, como o ocorrido em Guarulhos.
Motivações sob investigação
As investigações também buscam entender as razões por trás da decisão de Fabiano. Há suspeitas de que a liberação do transporte possa ter atendido a interesses específicos de clientes ou terceiros próximos ao presidente dos Correios.
Na Câmara dos Deputados, pedidos de investigação e até a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foram apresentados. O deputado Evair de Melo (PP-ES), um dos proponentes, afirmou que o caso é “altamente suspeito” e exige respostas claras.
Repercussão e justificativas
Os Correios alegaram que a decisão de autorizar o transporte de baterias de lítio foi baseada em pareceres técnicos da Diretoria de Negócios e que o aval inicial para esse tipo de transporte começou em gestões anteriores. No entanto, a sequência dos eventos levanta dúvidas sobre a responsabilidade direta da atual administração.
Com o avanço das investigações, cresce a pressão por esclarecimentos sobre as condições que levaram ao incêndio e a suposta negligência na aplicação das normas de segurança. Caso sejam confirmadas irregularidades, o caso poderá gerar sérias consequências administrativas e legais para os Correios e seus dirigentes.