O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se tornou alvo de críticas internas no governo Lula após o anúncio do novo pacote tributário, que foi amplamente visto como uma tentativa mal executada de cortes fiscais. O pacote, que muitos consideraram um “plano de cortes” disfarçado, gerou repercussões negativas, não apenas na mídia, mas também entre aliados políticos de dentro do próprio governo.
Além das tensões com o mercado e a opinião pública, Haddad enfrentou desentendimentos públicos com outros ministros, incluindo Luiz Marinho (Trabalho) e Carlos Lupi (Previdência). Ambos ameaçaram deixar seus cargos caso os cortes propostos afetassem os orçamentos de seus ministérios. As discussões sobre possíveis cortes orçamentários também envolveram outros aliados, como o chefe da Casa Civil, com quem Haddad já teve diversos confrontos.
Haddad, que também teve desentendimentos com Alexandre Padilha, outro ministro do governo, está cada vez mais isolado nas disputas internas, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de liderança e articulação dentro do governo. A insatisfação é particularmente forte no contexto dos ministérios que lidam com os maiores orçamentos, como o da Saúde e da Educação, além do Desenvolvimento Social, que administra o Bolsa Família, um dos principais programas do governo.
Essa atmosfera tensa dentro do governo Lula surge enquanto o presidente busca reorganizar a sua base de apoio e realizar uma reforma ministerial, cujos movimentos estão sendo debatidos com maior intensidade após a eleição das novas mesas diretoras da Câmara e do Senado, prevista para fevereiro. A luta por cargos, especialmente os mais cobiçados, como o da ministra Nísia Trindade, da Saúde, que enfrenta críticas pela condução de sua pasta, também intensifica as disputas internas.
O enfraquecimento de Haddad pode ser visto como um reflexo das dificuldades do governo em apresentar soluções econômicas eficazes, o que tem alimentado o “fogo amigo” dentro da administração.