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quarta-feira, 4 dezembro, 2024
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Governo não entregou solidez fiscal, e investidores estão desistindo do Brasil

Por Alexandre Gomes

O economista Marcos Lisboa criticou duramente o pacote fiscal anunciado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que as medidas têm sido insuficientes para resolver os problemas estruturais do país e que o cenário econômico está levando investidores a desistirem do Brasil.

Críticas ao pacote fiscal e à isenção do IR

Lisboa destacou que a combinação da isenção do Imposto de Renda até R$ 5.000 com a proposta de um imposto mínimo para milionários gerou “ruído imenso”. Segundo ele, o governo tentou agradar diferentes grupos sem oferecer soluções sólidas, agravando a percepção de incerteza fiscal.

— Criou-se uma medida genérica, mal desenhada e que preserva distorções no sistema tributário, enquanto penaliza tanto quem paga muito quanto quem paga pouco imposto, sem enfrentar os problemas estruturais — afirmou.

O economista também questionou o impacto das medidas de corte de gastos, considerando-as tímidas e insuficientes frente ao desequilíbrio fiscal de R$ 350 bilhões.

Impacto na confiança do investidor

Lisboa afirmou que a falta de solidez fiscal está afastando investidores, que apostaram no governo acreditando que haveria uma estabilização econômica. Com a ausência de entregas robustas, a reação negativa levou o dólar a atingir R$ 6, uma marca histórica.

— Os investidores perderam dinheiro com a aposta de que os juros cairiam e o câmbio ficaria estável. Hoje, o cenário é de maior incerteza. O Tesouro tem dificuldade para vender títulos, mesmo pagando juros elevados — disse Lisboa.

Lisboa ressaltou que a principal despesa do governo, a Previdência, continua crescendo acima do teto do novo arcabouço fiscal e que os ajustes feitos até agora têm impacto marginal. Ele defendeu medidas mais profundas e transparentes para equilibrar as contas públicas e evitar a paralisia da máquina pública.

— O Brasil está desperdiçando uma oportunidade de fazer um ajuste consistente enquanto a economia está bem. Historicamente, só se realiza ajustes em momentos de crise, o que é socialmente mais cruel — explicou.

Sobre a política econômica e a narrativa do governo

Lisboa criticou a tendência do governo de tratar os temas econômicos como uma luta entre “bem e mal”, ao invés de enfrentar os problemas de forma técnica e detalhada.

— Existe uma tentativa de vilanizar certos grupos para justificar as medidas. Essa abordagem não resolve as distorções e impede um debate mais racional e técnico sobre as soluções necessárias — afirmou.

Ele também descartou a existência de um movimento especulativo contra o Brasil, destacando que a cautela do mercado está diretamente ligada à falta de clareza sobre a sustentabilidade fiscal no longo prazo.

“Ainda há tempo para corrigir os erros”

Apesar das críticas, Lisboa acredita que ainda há espaço para o governo corrigir suas políticas, desde que reconheça os problemas e adote medidas mais estruturadas.

— A questão é: o governo quer enfrentar os problemas de frente? O último anúncio sugere que não. Estamos em um momento em que a economia está bem no curto prazo, mas a ponte para os próximos anos está sendo construída sobre bases frágeis — concluiu.

As críticas de Marcos Lisboa refletem uma preocupação crescente com a falta de clareza e efetividade das políticas econômicas do governo Lula, especialmente diante da insatisfação do mercado e do afastamento de investidores. Segundo o economista, o governo precisa adotar uma abordagem técnica e transparente para enfrentar os desafios fiscais e garantir a confiança de longo prazo no Brasil.

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