O governo Lula 3 enfrenta crescentes dificuldades para equilibrar política e economia, agravadas por decisões que, segundo críticos, refletem a repetição de erros do passado. Enquanto tenta implementar promessas eleitorais e manter sua base popular, o presidente parece preso a uma armadilha fiscal que ele mesmo criou.
Especialistas apontam que a expansão de gastos públicos, acompanhada de medidas para aumentar a arrecadação, não é suficiente para inspirar confiança nos mercados e na sociedade. Ao contrário, a estratégia contribui para a manutenção de um cenário de juros elevados, inflação persistente e desconfiança dos agentes econômicos.
A armadilha fiscal
A atual situação fiscal é fruto de escolhas feitas desde o início do terceiro mandato de Lula. O novo arcabouço fiscal, projetado para limitar os gastos ao crescimento da arrecadação, garantiu um aumento contínuo das despesas. No entanto, a esperada popularidade decorrente dessas medidas não se concretizou, agravando a insatisfação política e econômica.
“O governo pisa no acelerador dos gastos sem construir uma base sólida de receitas sustentáveis. Isso não é apenas um erro técnico, mas político, que demonstra falta de adaptação às novas circunstâncias”, avalia o economista Samuel Pessoa.
Desafios políticos no Congresso
A relação de Lula com o Congresso também segue fragilizada. Tentativas de aprovar medidas impopulares, como aumento de impostos, enfrentam forte resistência em um Legislativo mais independente e menos alinhado ao Planalto. A frase “vamos atacar o andar de cima”, frequentemente usada por Lula para justificar políticas redistributivas, encontra pouco respaldo entre parlamentares, preocupados com o impacto sobre a classe média e o empresariado.
Além disso, a estratégia de buscar no Judiciário apoio para compensar o desgaste com o Congresso é vista com desconfiança. Esse movimento reforça a percepção de que o governo depende excessivamente de decisões judiciais para avançar sua agenda.
Promessas frustradas
Medidas populares, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a valorização do salário mínimo, esbarraram na realidade fiscal. O Brasil enfrenta uma das maiores cargas tributárias do mundo, com uma economia que ainda luta para retomar um crescimento consistente.
“A expansão de benefícios sem uma fonte de receita sustentável gera um desequilíbrio perigoso. Não há mais espaço para populismo econômico em um país que está próximo do limite fiscal”, destaca a economista Elena Landau.
A encruzilhada de Lula
Duas décadas após seu primeiro mandato, Lula enfrenta um cenário profundamente diferente. A polarização política é mais intensa, e a sociedade mostra maior resistência às políticas petistas. Paralelamente, o governo precisa lidar com um mercado global mais exigente e um Congresso menos maleável.
Apesar disso, o governo segue tentando impulsionar sua agenda, mesmo diante de pressões econômicas e políticas crescentes. O desafio para Lula será encontrar equilíbrio entre seus compromissos de campanha e a necessidade de adotar medidas que sinalizem responsabilidade fiscal.
Sem mudanças significativas na condução da economia e nas articulações políticas, o risco de um isolamento crescente é real. A continuidade da atual estratégia pode não apenas comprometer a economia, mas também enfraquecer a base política do governo, criando um ciclo de dificuldades que será difícil de romper.