O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nesta quinta-feira (21) após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado, revelado após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Em entrevista à coluna de Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, Bolsonaro direcionou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator do caso.
Bolsonaro acusou Moraes de extrapolar suas funções legais, afirmando que o ministro conduz o inquérito de maneira parcial. “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, afirmou o ex-presidente.
Além disso, Bolsonaro comentou sobre o indiciamento realizado pela PF, que inclui outras 36 pessoas. Ele destacou que ainda precisa analisar os detalhes do documento, mas que considera as acusações um ato de “criatividade jurídica”. “Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, afirmou.
Contexto do caso
Na quarta-feira (20), a PF realizou uma operação que resultou na prisão de seis militares suspeitos de planejar ataques contra o presidente Lula e o ministro Moraes. A investigação inclui acusações de que um militar teria chegado às imediações da casa do magistrado com o objetivo de capturá-lo.
A PF indiciou Bolsonaro e os demais envolvidos sob suspeita de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Entre os indiciados estão figuras importantes, como os ex-ministros Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira.
A alusão à “criatividade”
Bolsonaro também mencionou o uso do termo “criatividade”, referindo-se a uma troca de mensagens revelada anteriormente entre Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes, e Eduardo Tagliaferro, então chefe de uma assessoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, Vieira incentivou Tagliaferro a ser criativo ao tentar formalizar uma denúncia contra a revista Oeste.
“Use a sua criatividade rsrsrs”, escreveu Vieira, em uma mensagem que se tornou pública. Bolsonaro sugeriu que tal postura reflete um padrão de ação dentro do gabinete de Moraes, reforçando sua crítica sobre parcialidade e falta de rigor jurídico.
Reação e desdobramentos
O caso reacendeu o debate sobre os limites do STF e da atuação da Polícia Federal, além de polarizar ainda mais o cenário político. Aliados de Bolsonaro classificam o inquérito como uma perseguição política, enquanto setores que defendem as investigações argumentam que o ex-presidente e seu círculo próximo precisam responder por atos antidemocráticos.
O processo agora segue para análise da Procuradoria-Geral da República, que decidirá os próximos passos. Bolsonaro e sua equipe jurídica prometem enfrentar o caso como uma “luta pela verdade” no âmbito judicial.