Uma cidade costeira do Ceará, com uma população de 75 mil habitantes e situada a 150 quilômetros de Fortaleza, está se preparando para sediar uma festa de Carnaval extravagante, contando com a participação de renomados artistas nacionais. No entanto, ao mesmo tempo, a comunidade local expressa insatisfação com a qualidade dos serviços de saúde oferecidos pelo município.
A Prefeitura de Aracati (CE) divulgou que a celebração incluirá apresentações gratuitas de Ivete Sangalo, Gusttavo Lima, Xand Avião e pelo menos outras nove atrações. As festividades terão início neste sábado (27/1) com o show de Gusttavo Lima. Até a tarde desta quarta-feira (24/1), foram formalizados nove contratos com os produtores dos artistas, totalizando R$ 2 milhões em investimentos.
Os custos dos shows de Xand Avião, Mari Fernandez e Felipe Amorim foram divulgados, sendo R$ 550 mil, R$ 450 mil e R$ 300 mil, respectivamente. No entanto, os valores das apresentações de Ivete Sangalo e Gusttavo Lima ainda não foram disponibilizados.
Apesar da empolgação com a festa, alguns residentes, como a aposentada Ione Pereira de Oliveira, de 52 anos, expressaram sua preocupação em um vídeo, pedindo aos artistas que reconsiderem a realização dos shows em Aracati. Ione, uma das três pessoas que entraram com ação judicial contra a Prefeitura, destaca a falta de recursos para a saúde, especialmente no transporte até Russas (CE), onde realizam tratamento de hemodiálise.
Em abril de 2023, a prefeitura retirou o veículo que transportava os pacientes, substituindo-o por um micro-ônibus, alegando necessidade de cortar despesas. No entanto, os pacientes reclamam das condições inadequadas do novo meio de transporte. Através da Defensoria Pública do Ceará, os pacientes obtiveram uma liminar que obrigou a prefeitura a fornecer um transporte adequado.
Além das questões de transporte, os moradores de Aracati também enfrentam problemas no atendimento do Hospital Municipal Eduardo Duas (HMED), conforme evidenciado por um vídeo gravado recentemente, mostrando uma longa fila na porta da unidade de saúde. Os residentes expressam descontentamento com a disparidade entre os altos custos dos eventos promovidos pelo poder público e a precária situação da saúde local.
Enfim a Prefeitura, mesmo sabendo das necessidades que a cidade enfrenta, preferiu investir no pão e circo.