Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que há uma “forçação desnecessária” para que o governo apresente ao Congresso um pacote de medidas de corte de gastos.
A postura do ministro tem gerado questionamentos no mercado. Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, Haddad foi eficiente ao aprovar a reforma tributária e realizar alguns ajustes na arrecadação, mas o principal desafio que ainda precisa ser enfrentado são os gastos.
Vale argumenta que, apesar das intenções de Haddad de abordar a questão dos gastos, há uma resistência por parte do governo.
“Já se passaram dois anos, e é difícil acreditar que um grande ajuste fiscal ocorrerá a curto prazo. O que provavelmente veremos são cortes paliativos de gastos, possivelmente em torno de R$ 50 bilhões para 2025, o que resultaria em um déficit de 0,25% do PIB”, afirmou.
Ele também ressaltou que, nessas condições, um ajuste fiscal mais significativo deve ser esperado apenas para 2025.
“Até 2026, a dívida pública bruta deve aumentar em 12 pontos percentuais. Sem um cenário de crise, isso não faz sentido”, apontou.
Para Daiane Gubert, responsável pela assessoria de investimentos da Melver, a situação atual não é favorável para a economia brasileira.
“Há sinais claros de descontrole fiscal, e as consequências já são evidentes. O mercado está respondendo, com os títulos da dívida pública próximos a 13% e a inflação em torno de 7%.”
Gubert acredita que as medidas atuais terão um impacto abrangente. “O risco, o dólar e a inflação estão subindo, e esse ciclo vicioso acaba pressionando a economia brasileira”, avaliou.