A Rússia afirmou nesta terça-feira (29) ter realizado novos exercícios militares nucleares, sob a supervisão do presidente Vladimir Putin, que recentemente mencionou a possibilidade de utilização destas armas no contexto do conflito na Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo afirmou num comunicado que “cumpriu integralmente” os objetivos definidos durante as manobras que incluíram “lançamentos de mísseis balísticos e de cruzeiro” e reuniram forças de “dissuasão estratégica terrestre, naval e aérea”.
“Todos os mísseis atingiram seus alvos”, celebrou o ministério.
Num vídeo divulgado por seus serviços, o ministro da Defesa, Andrei Belussov, explicou ao chefe de Estado russo que um dos testes previstos consistia em simular “um ataque nuclear massivo (…) em resposta a um ataque nuclear inimigo”.
Na abertura dos exercícios, Vladimir Putin afirmou que o uso de armas nucleares continuava a ser “uma medida excepcional” para Moscou. Mas, “dadas as crescentes tensões geopolíticas e o surgimento de novas ameaças e novos riscos externos, é importante ter forças estratégicas modernas constantemente prontas para serem utilizadas”, sublinhou.
O presidente russo ordenou no início de maio a organização de exercícios nucleares “num futuro próximo” envolvendo tropas baseadas perto da Ucrânia, em resposta às “ameaças” dos líderes ocidentais contra seu país.
Revisão da doutrina nuclear russa
No final de setembro, ele propôs a revisão da doutrina nuclear russa, considerando como “um ataque conjunto” a “agressão da Rússia por um país não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear”, em referência direta à Ucrânia e seus aliados ocidentais, que fornecem armas e financiamento a Kiev contra as forças russas.
Kiev busca autorização para utilizar mísseis de longo alcance contra a Rússia, apesar da relutância em particular dos Estados Unidos, uma grande potência nuclear, que teme uma escalada.
Vladimir Putin, por seu lado, alertou que tal decisão significaria que “os países da Otan estão em guerra com a Rússia”. “Espero que tenham ouvido”, repetiu ele sobre o assunto no domingo (27).
Em outubro de 2023, o chefe de Estado russo já tinha supervisionado o disparo de mísseis balísticos durante manobras militares destinadas a simular um “ataque nuclear massivo” de represália.